quarta-feira, 13 de julho de 2011

Um sonho

Quantas profissões quisémos ter durante a nossa infância? Quantos de nós conseguimos fazer algo com que sonhámos enquanto crianças? Quantos de nós tiveram sonhos, ideiais, objectivos cumpridos? Quantos de nós ainda procura algum desses sonhos de criança? Quantos desses sonhos eram realizáveis? Quantos de nós ainda se lembram do que sonharam?

Perguntas, perguntas e mais perguntas. E respostas?

Eu acredito que há um elo comum entre todos esses sonhos de criança. A felicidade. Todas as profissões que escolhíamos, todas as acções que iríamos praticar, tinham um objectivo comum - fazermos algo que nos traria felicidade. Ingenuidade infantil? Depende. Se encararmos esta questão observando a nossa sociedade, a resposta terá de ser afirmativa. A ingenuidade não nos ajuda neste mundo que é uma verdadeira selva. Onde a luta pela sobrevivência encarcera os nossos sentimentos e emoções, simbólicos de fraqueza, e nos torna frios. Distantes. Egoístas. Incapazes de amar sem restrições. Neste aspecto, atingimos um verdadeiro objectivo social - o fim das classes.

É irónico como conseguimos atingir objectivos desnecessários com tanta facilidade. Neste caso, um objectivo necessário para uma sociedade saudável, mas por motivos errados. Que acentuam, contraditoriamente, as diferenças entre as classes ao encorajarem o individualismo. Algo socialmente desencorajável.

Quando ouvia os deputados do BE e do PCP, sobre o programa Emergência Social, dividi-me. Como me divido em muitos outros assuntos. Nesta sociedade esculpida da imagem, as pessoas que pedem ajuda são, regra geral, ostracizadas. Eles têm razão. Mas batem-se pelos motivos errados. Que quero eu saber da imagem? A minha obrigação, como cidadão pertencente a uma sociedade, uma comunidade, é de me sentir envergonhado por permitir que hajam seres humanos que tenham de pedir ajuda para sobreviver. Não deveríamos todos oferecer essa mesma ajuda? Existe alguém que se sinta superior, quando colocado atrás de uma panela de sopa, ajudando as pessoas que passam fome? Eu acredito que a compaixão será o sentimento dominante. E é por isso que eu acredito que ostracizamos quem precisa de ajuda. Temos medo de sermos colocados na posição de pobre, sermos catalogados e rotulados de inúteis. Improdutivos. Fardos. Preferimos fingir que não se passa nada. Não vendo não está a acontecer. Em vez de contribuirmos para mudar esta realidade, enfrentamo-la como verdadeiras avestruzes.

Eu prefiro ser conotado com o pelicano - darei o meu melhor para dar à luz um mundo melhor!

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