quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Mundo real ou artificial?

Quantos de nós se perguntam regularmente o que fazemos aqui? O que realmente fazemos neste mundo? Porque nascemos neste planeta, neste local, nesta hora, neste seio familiar?
Porque somos abusados ou ignorados?
Porque nascemos no berço de ouro ou na carroça do lixo a caminho do aterro?
Será que poderíamos ter evitado alguns dos obstáculos que enfrentámos?
Será que os obstáculos eram imaginação nossa ou uma realidade exterior?

Poucos são os que realmente param para pensar nestas "realidades". Será porque não são seres curiosos? Não creio. Acho que vivemos demasiado absorvidos em trivialidades. Trivialidades tais como a educação adequada para competirmos nesta sociedade. Sociedade em que só é possível sobreviver se ganharmos dinheiro. No money, no funny!

Já tenho mencionado a diferença entre o físico e o abstracto. Há uma coisa que tenho observado, que é a dificuldade que uma criança tem de compreender o conceito "tempo". Para as crianças, impacientes e curiosas, estarmos a duas horas ou duas semanas do nosso destino é igual.

O conceito de grupo é algo abstracto. Não é palpável. Não conseguimos abraçar um grupo ou tocar-lhe porque não existe. Conseguiremos tocar cada unidade, até todas ao mesmo tempo, mas nunca o grupo. Quem lhe chamou de grupo fomos nós. Juntámos várias unidades e facilitámos a nossa vida, atribuindo-lhe um nome. Mas esta atribuição é usada para confundir a realidade com a imaginação. Quando discutimos conceitos como sociedade,  as suas vantagens e desvantagens esquecemos, muitas vezes, qual o objectivo principal - o indivíduo. Retiramos ao indivíduo a liberdade de decisão e entregamo-la ao grupo. A hipocrisia instala-se e, consoante a vontade do grupo maior, decisões são tomadas que atropelam a liberdade de escolha do indivíduo. São exemplos notórios todos os que envolvem política, religião, moral, clubismo, etc. Quem definiu quem era o líder? Como atingiu o líder essa posição?

Exemplos abundam da estupidez do ser humano e da sua sociedade. Porque se casam as pessoas? Porque se definiu que, nesta cultura ocidental, que os casamentos devem ser monogâmicos? Quem define se pessoas do mesmo sexo se casam? Se podem adoptar? Quando assisto a discussões sobre estes assuntos presencio, de parte a parte, uma série de argumentos fossilizados, repetidos, nitidamente não racionalizados pelos indivíduos que os regurgitam. Em muitos textos sagrados existe a expressão "livre arbítrio". Mas será condenado ao sofrimento eterno quem tiver o descaramento de o seguir.

"Tens a liberdade de escolher o que vais fazer, mas se não for aquilo que te dizemos que é o correcto arderás no Inferno para sempre!"

Que frase tão comum e ao mesmo tempo tão arrepiante.

Se eu decidir fazer algo que não interfere com a liberdade de outros, que é que eles têm a ver com essa mesma decisão? A tentação de imposição de uma forma de viver de um grupo maior sobre um mais pequeno é, aparentemente, demasiado grande para que esse deixe este em paz... Aqui entro numa teoria que tenho - as pessoas são tão tristes na vidinha que escolheram que não perdem a oportunidade de arrastarem os mais felizes para o seu charco de lágrimas. Mais comummente conhecido como lodaçal.

Se eu decido que quero ter 20 mulheres e elas todas me quiserem, que têm os outros a ver com isso? Nada? Mas eu sou um criminoso se o fizer. Mesmo que a lei me permita, sou olhado e ostracizado pelo grupinho dos invejosos que estão casados com o cônjuge amado que lhes azucrina a tempo inteiro... Portanto, sou culpado de ser feliz na minha opção - condenado a arder no Inferno para "todo o sempre" ao mesmo tempo que os críticos já ardem nesta vidinha triste...

Se uma mulher quiser ter um parceiro diferente todos os dias, é uma vaca. E aqui estou a ser bastante moderado. Mas se um homem o fizer, será um garanhão. Ou um touro, se quiserem manter a analogia.  Faz sentido? Infelizmente continua a fazer muito sentido, inclusive para muitas mulheres. A única observação que eu faço é - que é que eu ou os outros têm a ver com isso? Desde que essa mulher não os force ao vil acto que temos nós a ver com isso? Chama-se meter o bedelho. Que é uma coisa feia. A não ser que seja para impedir que alguém atinja a felicidade individual. Nesse caso temos todo o direito de interferir. Ou será que não?

Estes são pequenos exemplos de uma decisão abstracta. Se discordamos é porque está mal. Se discordamos vamos impor a decisão do grupo maior. Para os mais desatentos em relação à opinião do autor deste texto chamo a atenção ao facto de eu estar a utilizar ironia.

Não haveriam guerras se todos se envolvessem só com o que lhes diz respeito. Estes são os momentos em que o egoísmo deveria existir. Só nos devíamos preocupar connosco e a nossa vida.  Desde que não prejudiquemos os outros. Esta parte é melhor incluir não vá alguém pensar que eu estou a encorajar assassinatos de pessoas que não gostamos ou roubar os que têm só porque nós não somos capazes de ter. Quando uma decisão de um Governo, mesmo que eleito legalmente, mesmo que seja para apanhar os prevaricadores, prejudica a liberdade individual, ela é errada. Aqueles que não se importam de ser filmados ou parados pela polícia numa operação de trânsito porque não têm nada a esconder, prejudicando a liberdade individual, deveriam pensar que é o vosso dinheiro que está a ser usado para vos controlar. Lembrem-se que há documentos secretos que não podem ser revelados ao povo porque prejudicaria a segurança nacional. Só não sabemos de quem é essa segurança pois não temos acesso aos ditos. Negociatas secretas, talvez... e não são para nosso bem...

Tanta legislação que já foi produzida e no entanto somos obrigados a conhecê-la toda. Ignorância da lei não é justificação para não a cumprirmos. Até os que não sabem ler não podem advogar o desconhecimento das regras. Vi um filme/documentário do Aaron Russo, um cineasta e activista político Norte Americano, onde ele afirmava que a profusão de legislação Americana era de tal ordem que levaria a qualquer cidadão do país cerca de 3 milhões de anos para a ler toda. MAS! Não pode alegar desconhecimento da lei ou é criminalizado. Qualquer dia decidem por nós que cor de cuecas devemos usar. E ai de quem prevarique!

Eu não quero que o Estado decida o que eu devo comer ou vestir. O que devo fazer com o meu tempo. Não admito a ingerência do Estado na minha vida. Eu sou um indivíduo que quer ser livre para tomar as suas decisões. Eu quero que não me escondam nada para que eu possa fazer as minhas escolhas da forma mais informada possível. Num país democrático e livre, todos temos esse direito.

Eu não defendo o conceito abstracto "para o bem da maioria". Eu sou um realista e quero que não me chateiem!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Teoria da casualidade...

Quantas vezes ponderamos sobre os acontecimentos mundiais? Raramente. Damos aos jornalistas essa possibilidade. Temos muitos afazeres, entre os nossos empregos e os familiares a nosso cargo. E, quando temos tempo, lemos uns jornais ou vemos os telejornais, cujas notícias são chapa 5. Se fizerem um zapping pelos jornais das várias estações são confrontados com uma realidade inegável - com uma ou outra pequena variação, falam todos sobre o mesmo. Até algumas das imagens são "emprestadas".

Como eu gosto de ver notícias de outras fontes, tendo a sorte de dominar o inglês, tenho acesso ao que se passa por esse mundo fora, por uma perspectiva diferente. E não estou a falar da CNN ou da BBC. Verdadeiras alternativas que colocam os cabelinhos da Hillary Clinton em pé, quando disse que estão a perder a "guerra da informação". Há muitos canais de informação na internet que não dão as notícias do Estado Norte Americano tal qual elas são produzidas - pela máquina de propaganda do governo dos EUA - admitiu ela perante o Congresso Norte Americano. Queria mais uns 40 biliões de USD (perdoem-me se o montante está errado, mas é de memória que o digo) para poder "combater" esta Infowar.

Esta simples admissão da Secretária de Estado Norte Americana tem diversas implicações. Uma das principais é a de que é necessário o Estado Norte Americano ter a sua propaganda para contrariar TV's como a RT ou como a Al Jazeera. Nestas alturas sou sempre recordado de uma velha máxima que a mim me assiste: há sempre três verdades - a minha, a do outro e a... verdadeira!

Se há necessidade de propaganda para justificar as acções do Governo Norte Americano, será porque estas não são claras? Será porque não eram para ser conhecidas do público? Um ex-Governador do Minnesota, o Jesse Ventura, escreveu um livro intitulado "63 Documents the Government Doesn't Want You to Read", onde incluía 63 documentos tornados públicos ao abrigo da lei de liberdade de informação americana e alguns que foram publicados pela Wikileaks. De acordo com o ex-Governador, cerca de 16 milhões de documentos são classificados como secretos todos os anos, pelo Estado Norte Americano.

Será que tudo o que acontece... é por acaso? São meras coincidências?

Não li nem ouvi, nas notícias portuguesas, nada relacionado com o escândalo Climate Gate. Um hacker russo(?) colocou na internet uma série de e-mails sobre como os cientistas da IPCC, a autoridade mundial sobre o aquecimento global, andavam a alterar os dados e a fabricar os resultados. Com base nesses resultados pagamos cerca de 48% da nossa factura eléctrica em "subsídios" para as energias renováveis. Luvas será o termo correcto. Será que o governo português não está a par? Dou o benefício da dúvida em cerca de 0,00000001%, de que ninguém nos últimos governos soube do Climate Gate.

Todos os dias vemos atropelos aos direitos humanos. Meninas que queriam retirar aos pais porque estes queriam uma alternativa de cura para um cancro que o Estado não queria autorizar. Auto-stops nas estradas pela polícia para verificar se cumprimos as regras, invadindo a nossa privacidade e fazendo-nos chegar atrasados ao nosso destino. Vemos os "criadores" da nossa dívida soberana irem para Paris estudar filosofia enquanto nos retiram parte do nosso ordenado sem que possamos sequer reclamar. Não podemos manifestar o nosso desagrado, neste país de livre expressão, sem que a polícia nos caia em cima como autênticos vilãos. Vivemos numa casa comprada por nós, num terreno comprado por nós, mas se não pagarmos a contribuição autárquica, retiram-nos a casa.

Se tivermos uma dívida às Finanças, penhoram-nos tudo até que a dívida esteja saldada ou que não haja mais nada para penhorar. Num caso que testemunhei, penhoravam uma casa cuja dívida da hipoteca era superior ao valor comercial. Quando se perguntou porque motivo, disseram literalmente: "Enquanto tiver o que quer que seja, será tudo penhorado até saldar a dívida." Não querem saber. A cidadã que o disse não tem consciência que amanhã poderá estar numa situação semelhante. Sem ser por culpa dela. Que era o caso da pessoa envolvida.

As coisas não acontecem por acaso. Há um motivo. Ou vários. O estado das coisas é propositado. Serão demasiadas coincidências. Ver os causadores das crises, os políticos e grupos financeiros, continuarem as suas vidas com as reformas pagas por nós, enquanto nos tiram as casas e os nossos bens. Se não fosse por acaso, eles também seriam afectados. E não o são...

sábado, 19 de novembro de 2011

Democracia - para o bem da maioria

Quando se ouve uma discussão sobre qual o modelo político que melhor serviria um país, é frequente ouvirmos dizer que esse modelo é a democracia. Há quem diga que o ideal é a anarquia, mas este é um modelo utópico... entrarei na utopia mais tarde, noutra mensagem.
Tive um amigo que era defensor da anarquia e via no comunismo a forma ideal de disciplinar o ser humano. Uma forma de preparação. A disciplina prepara-nos para a total desregulação. Tínhamos cerca de 15 ou 16 anos. Eu ri-me. Compreendi o que ele queria dizer mas disse-lhe que não fazia sentido. Anos mais tarde comecei a pensar se ele não teria razão. Hoje mantenho a posição inicial. Não faz qualquer sentido. Castigar alguém antes de cometer uma falha não é muito pedagógico - a pessoa comete a falha na mesma porque já foi castigada ou se não a cometer terá sido punida sem justificação. O comunismo, é uma forma de ditadura, uma imposição de conceitos que alguém se lembrou de considerar como justos. Não vou discutir a bondade dessas considerações, apenas referir algo que é considerado como verdade absoluta - a menor liberdade em nome do bem comum, ou do bem da maioria.
A sociedade, o grupo, o rebanho, a floresta, o cardume, são produtos da nossa imaginação. São conceitos abstractos. A árvore é física. A floresta é um conceito. O mesmo se pode dizer da sociedade. O indivíduo é algo físico. O grupo ou sociedade são conceitos abstractos. Pura imaginação. Fruto daquilo que deveria nos distinguir do resto do reino animal mas que muitas vezes nem parece fazê-lo do reino mineral - a razão.
Quando damos mais importância ao bem comum, retirando liberdade ao indivíduo em prol da comunidade, retiramos ao real para dar ao imaginário. E desde criança que sempre ouvi dizer que a imaginação não passava disso mesmo... Se há muitos que não pagam os impostos, vamos cobrar mais aos que pagam. A velha estratégia da justiça democrática. Pelo bem comum vamos virar os que pagam de pernas para o ar e esperar que o resto dos troquinhos caiam para serem apanhados na rede das necessidades imaginárias da sociedade onde o dinheiro desaparece qual passo de magia, ou imaginação...

Democracia - o poder da maioria, para o bem da maioria, a vontade da maioria... mas a maioria não quer saber...

Dizem-nos que temos a oportunidade de julgar os nossos representantes de tantos em tantos anos, que temos o poder de decidir o que queremos. Mas quantos políticos cumprem o que prometem? Nenhum. Até agora. E provavelmente até ao fim dos tempos nenhum cumprirá. Há sempre desculpas. E nós podemos pará-los de quatro em quatro anos colocando lá outro que fará o que quer, quer tenha prometido quer não.

Há anos que acompanho a política. Nunca, como no presente, me revoltei tanto. A conversa sobre as medidas de austeridade para o nosso bem. A conversa de que devemos e, como pessoas honradas, temos de pagar. Se a minha querida mãe decidisse gastar um milhão de euros em compras, porque tinha perdido a cabeça (sabes-se lá onde ia arranjar o milhão, mas é um número engraçado...) eu ficaria responsável por essa dívida? Se os meus filhos fizessem o mesmo, eu seria responsável por essa dívida? Se eu dissesse a qualquer um deles para se endividarem em um milhão, comprando camarão e lagosta e um belo vinho verde, e eles comprassem roupa, seria responsável? Se comprassem meio milhão, eu já me sentiria responsável por esse valor. Não é o que se passa com os políticos? Endividam-se em nosso nome, mas não foi isso que lhes pedimos. Antes pelo contrário. Pedimos-lhes que pusessem as contas públicas em ordem e eles riram-se. Consigo imaginá-los com os seus dedos cruzados atrás das costas enquanto nos mostram um ar solene e mentem por entre todos os dentinhos que têm, sejam os verdadeiros ou os do consultório do Dr. Maló.

É esta a vontade da maioria?

Todos queremos tudo de graça. Não queremos pagar nada. Queremos a melhor saúde do mundo de borla. Queremos a melhor educação do mundo de borla. Queremos auto-estradas no meio das cidades para visitarmos os nossos queridos paizinhos sem portagens. Queremos institutos para tudo, inclusive para o que não queremos. A isto chama-se democracia.

A vontade da maioria.

A estupidez da maioria...

A maioria decide. A maioria decide estupidamente...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Paradigma do espectro político

Há muitos anos que me riu quando alguém menciona que este sujeito é de esquerda ou que aquele é de direita.

Não é possível deixar de largar uma gargalhada quando ouvimos sujeitos do PC ou outros partidos comunistas falarem mal do Fascismo.

De acordo com a definição da Porto Editora:

fascismo  
nome masculino
1.HISTÓRIA, POLÍTICA sistema instituído por Mussolini (1883-1945), em Itália, caracterizado pela defesa de um nacionalismo exacerbado e pelo exercício de um poder centralizado e ditatorial baseado na repressão de qualquer forma de oposição
2.movimento, tendência ou ideologia com as mesmas características
3.regime totalitário
4.forma de poder que exerce um forte controlo ditatorial
comunismo  
nome masculino
1.regime político, económico e social caracterizado pela comunhão de todos os bens (meios de produção e bens de consumo) e pela ausência da propriedade privada
2.POLÍTICA doutrina política, económica e social que tem em vista a instauração daquele regime
3.conjunto dos adeptos desta doutrina
À primeira vista, não têm nada a ver um com o outro. Engraçado... É muito engraçado como na definição de comunismo não vêm as possibilidades 3 e 4 da definição do fascismo...

De acordo com The Free Dictionary by Farlex:

fas·cism
n.
1. often Fascism
a. A system of government marked by centralization of authority under a dictator, stringent socioeconomic controls, suppression of the opposition through terror and censorship, and typically a policy of belligerent nationalism and racism.
b. A political philosophy or movement based on or advocating such a system of government.
2. Oppressive, dictatorial control.
com·mu·nism
n.
1. A theoretical economic system characterized by the collective ownership of property and by the organization of labor for the common advantage of all members.
2. Communism
a. A system of government in which the state plans and controls the economy and a single, often authoritarian party holds power, claiming to make progress toward a higher social order in which all goods are equally shared by the people.
b. The Marxist-Leninist version of Communist doctrine that advocates the overthrow of capitalism by the revolution of the proletariat.
De acordo com o Oxford Dictionary:
fascism
noun
[mass noun]
  • an authoritarian and nationalistic right-wing system of government and social organization.
  • (in general use) extreme right-wing, authoritarian, or intolerant views or practices:this is yet another example of health fascism in action
communism
noun
[mass noun]
  • a theory or system of social organization in which all property is owned by the community and each person contributes and receives according to their abilityand needs.  See also Marxism

Tudo isto para provar o quê??

Na maior parte dos diccionários não vemos qualquer tipo de referência ao socialismo quando procuramos fascismo. Mesmo quando fazemos uma busca por comunismo são raras as referências. Aliás, uma das coisas que estranhei foi o facto de poucos serem os diccionários que se referem ao comunismo como ditatorial. Eu não conheço nenhum regime comunista que não seja ou tenha sido ditatorial e, no entanto, a opinião 2a da Farlex diz que é frequentemente autoritária. Na URSS, na China, em Laos, no Vietnam, na Coreia do Norte, em Cuba, em Angola, etc... Algo que é bastante engraçado nas buscas que fiz é que Angola já não é um regime comunista. Nem uma democracia governada por um partido comunista. Irónico, não é?

A ideia que o fascismo, exceptuando a definição da Oxford que faz uma referência ao "social", não é uma forma de socialismo, ou que o comunismo não tem como base o socialismo, é, no mínimo, intrigante. Que quererão estes senhores que escrevem as definições nos diccionários esconder? O Hitler chamou ao partido dele o partido nacional socialista. O Lenine chamou-lhe o partido comunista. Baseando-o nos princípios de Marx e Engels que escreveram o Manifesto Comunista. Os mais estudiosos do assunto dizem que estes autores limitaram-se a escrever o que já eram ideias que circulavam pela Europa. Não vou questionar qualquer das opiniões. Deixemos as teorias da conspiração para outra altura.

Se concluirmos que o fascismo é uma ditadura socialista de direita, que o comunismo é uma ditadura socialista de esquerda, que será o centro? Se temos socialismo à esquerda e à direita, no meio só há uma coisa possível - socialismo. Não? Então onde poderemos colocar a anarquia? É uma forma política. Mas não cabe na versão de espectro político corrente. Se temos uma versão onde não podemos incluir algumas formas políticas, será lógico pressupor que está errada. Não escolhendo o lado esquerdo ou direito, será possível colocar numa ponta do espectro a total ausência de liberdade, vulgo ditadura, e, na outra ponta, colocamos a liberdade total, vulgo anarquia. No centro poderemos colocar a democracia, onde a liberdade é medida de acordo com leis impeditivas da mesma. É absolutamente indispensável perceber que a democracia é simbólica de perda de liberdades. Lá porque se vota e se diz o que se pensa, não quer dizer que sejamos livres. Somos apenas parcialmente livres.

A minha lógica diz-me que somos inundados por esta lógica falaciosa, de que os extremos se tocam, por alguma razão. Mas, mais uma vez, deixemos as teorias conspiratórias para outra altura.

Há uma coisa que convém considerar - tudo o que nos ensinam e impõe diariamente sobre esquerda versus direita é pura propaganda. E quem são os peritos em propaganda? Os comunistas... e isto é um facto e não teoria!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Constituição?! Para quê?!

Artigo 7.º
(Relações internacionais)

1. Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados e da cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade.

2. Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.


Mas que raio... esta Constituição da República Portuguesa diz que os nossos governantes são todos criminosos...

Ora vejamos:

"Portugal rege-se (...) pelos princípios da independência nacional(...)" e "(...) da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados." Será assim que o Saddam Hussein e o Muammar Kadhafi terão pensado? Nah... eles não leram a Constituição da República Portuguesa... e a verdade é que nós não mandámos forças militares para esses países. Armas são outra coisa e permissões aos americanos para usarem a base das Lajes também o são... mas... ah! Já sei! O princípio de auxílio que prestámos à destruição das infra-estruturas desses países prende-se com o respeito pelos "(...) direitos do homem, dos direitos dos povos(...)" e com a "(...) cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade." Eles estavam emancipados, mas não progrediam... pelo menos de acordo com o Ocidente!

Claro está que "(...) os princípios (...) da solução pacífica dos conflitos internacionais (...)" só são possíveis quando existem esses conflitos. Que até à data de invasão do Iraque pelas forças internacionais, não havia. Como a única ajuda que prestámos foi a de deixar os americanos usarem as Lajes, não rompemos nenhum princípio da nossa Constituição. Será?

Mas... que dizer do facto de "Portugal preconiza a abolição do imperialismo(...)" americano? E "(...) de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos."?
Será que ir atrás do petróleo e outros recursos de outros países através de invasões encobertas sob a desculpa de armas não existentes, ameaças não existentes, mentiras sem qualquer tipo de pudor, não poderá ser considerado como formas de exploração, agressão e domínio imperialista?

Mas... se não participámos em nada disso... pelo menos assobiámos para o lado enquanto as coisas se passavam. E que dizer do triste espectáculo de Durão Barroso que foi premiado com a presidência da Comissão Europeia...

Mas... se nós preconizamos o fim de qualquer tipo de colonialismo e imperialismo, como podemos permitir o Tratado de Lisboa e a respectiva ingerência nos nossos assuntos? A Constituição diz, no artigo 1.º, que somos uma República soberana... quer se deva dinheiro ao exterior ou não.

Se a República endividou-se, tem de pagar. Isto é um assunto aberto a discussão, pelo menos para mim, mas vamos partir do princípio que é verdade. Aterrorizaram-nos com o fim do mundo se não pagarmos. Nunca mais vamos poder pedir dinheiro emprestado lá fora. Ou, pelo menos, durante bastantes anos ninguém nos quererá emprestar. Não estou a ver nenhum problema com isso... se não nos emprestarem vamos ter que viver com o que temos. Que é o que sempre deveríamos ter feito. Se queremos algo que não produzimos, temos duas formas de o conseguir - ou passamos a produzir ou trocamos com outros que queiram algo que nós produzimos em excesso. Matemática básica. Vendemos aos outros o que temos em excesso ou não queremos e compramos o que queremos, desde que o saldo assim o permita. Isto é algo que sempre me fez confusão - o deficit. Todos os anos, em Outubro, apresentam-se os orçamentos com uma valor previsto de perda. A discussão dos analistas e dos políticos é se a perda é grande ou pequena. Mas nem sequer colocam em causa o facto de ser uma perda. Isto é algo que acontece em todos os países. Leva-me a acreditar que deve haver um país escondido algures que deve ter um superavit tremendo, sendo o somatório de todos os deficits dos outros. Claro que me dirão que são os privados que emprestam o dinheiro e não uma troca entre os países... então... os privados estão sempre a ganhar no que toca a ficar com o dinheiro de todos?? Os privados que serão instituições financeiras ou particulares que conseguem comprar países?? Os tais 1%? Hmmm...

Mas... se são os privados que ficam agarrados a um investimento mal feito (uma dívida de um país que tem deficits todos os anos desde que existe não será concerteza um bom investimento) o que querem o FMI e o BCE e a Merkel e o Sarkozi? Ingerirem-se nos nossos assuntos?? Mas se a Alemanha e a França foram os primeiros a não cumprirem o pacto de estabilidade do Euro e ninguém se importou... porque não ficámos nós com uma parcela da Alemanha ou da França nessas alturas? Não seria parecido com o que nos estão a fazer agora? É que o dinheiro que devemos não é aos alemães. É aos bancos ou especuladores que deram um tiro nos pés. A não ser que... será? Os políticos estão na cama com os especuladores?? Nah! Não acredito! Não pode ser!!

Não podemos estar a sofrer medidas de austeridade brutais porque compramos, entre muitas outras coisas, submarinos aos alemães! Não será possível! Será??

Estou com dor de cabeça. Há anos que me pergunto se podemos criminalizar quem nos colocou nesta posição. Responsabilizar quem erra. Respondem-me que se castigam os políticos nas eleições. Só mesmo quem tem o rabinho preso é que pode responder assim. Isso ou é um otário. Nome vulgarmente dado a um idiota sem ideias próprias. Vulgo povo. Essa massa disforme que não acredita na sua força, no seu poder, na sua demo kracia.

Ditadura vs liberdade - parte II

"A Assembleia Constituinte, reunida na sessão plenária de 2 de Abril de 1976, aprova e decreta a seguinte Constituição da República Portuguesa:

Princípios fundamentais

Artigo 1.º
(República Portuguesa)

 
Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.


Artigo 2.º
(República Portuguesa)

 
A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa."

- Constituição da República Portuguesa -


Porque será que sublinhei estas partes dos artigos?

É minha crença profunda que estes dois artigos estão em contradição...

Se nos empenhamos "(...)na construção de uma sociedade livre, justa e solidária." temos que ter em consideração as vontades das minorias. Todos os preconceitos têm de ser retirados das mentes da maioria, sejam de origem religiosa ou moral. Se retirarmos estes preconceitos estaremos a invadir o princípio fundamental da liberdade individual. Numa democracia, vale a vontade da maioria. Logo, será lógico supor que uma democracia não é um sistema livre.

"Dentro dos sistemas possíveis é o melhor!" - Dizem todos, especialmente os políticos.

Não! Não é! Isso é o engodo que nos atiram para cima desde a mais tenra idade.

"Só tens liberdade numa democracia!" - Continuam a vociferar.

Não! Não é verdade!

Uma democracia não implica liberdade. Lá porque eu posso dizer que a lei é injusta não estou isento de a cumprir...

Se pensarmos bem nas reclamações de todos os perseguidos pela PIDE encontramos a liberdade de expressão como a principal. O impedimento de subversão é outro. Mas, em geral, o Estado Novo permitia às pessoas fazerem o que bem lhes ia na gana. Alguns dos outros "pecados" eram de origem religiosa, moral.

Como agora já há uma pseudo-liberdade de expressão (não se esqueçam do politicamente correcto!) viveremos em liberdade?

As pessoas são, em geral, donas de um cérebro funcional. Há aqueles que sofrem de paralisia que lhes impedem um funcionamento correcto de membros ou de das funções cognitivas. A minha questão prende-se com o facto de não visualizar, na maior parte dos casos, uma das funções que nos distingue do resto do reino animal - a razão!

A célebre expressão - não emprenho pelos ouvidos - parece estar limitada às discussões sobre a vida pessoal e não ao que mais interessaria - a vida de todos nós.

Neste momento da vida europeia que atravessamos, onde o poder financeiro sobrepõe-se ao poder individual e social, onde se retiram direitos aos povos que elegeram os governos, onde os políticos decidem retirar de cena os eleitos e colocarem os burocratas da cor da Corte Europeia (Grécia e Itália) que são mandatados pelo poder financeiro (ambos são membros do sistema bancário), seria expectável que nos insurgíssemos contra este completo atropelo da nossa sociedade "moderna".

"(...) no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais(...)"

Quando o Estado decide cobrar o IVA a uma empresa que não factura, simplesmente porque não foi participado à DGI que não havia actividade, penhorando os bens de pessoas honestas porque estas desconheciam o facto, o Estado não age como pessoa de bem. Considera que todos somos corruptos e atropela a liberdade individual. A inversão do ónus da prova é um tema muito discutido na praça pública no que toca ao enriquecimento ilícito. NÃO! Não pode nem nunca deverá haver a inversão do ónus da prova. Se retiramos aos justos para apanharmos os pecadores teremos sempre um atropelo daquilo que nós temos de mais valioso: a liberdade individual!

Termino esta mensagem com uma observação religiosa, coisa que não sou de modo nenhum.

Nem Deus teve coragem de nos retirar a liberdade individual! Os Seus representantes... isso já é outra coisa...

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ditadura vs liberdade

Estava a ouvir um daqueles programas de opinião pública na TV. Dois senhores estavam a questionar se não seria melhor vivermos sob uma ditadura, em vez de numa democracia onde impera o capitalismo selvagem. Nos dias de hoje, nunca tantos tiveram tão pouco enquanto tão poucos tiveram tanto.

Ora, aqui encontram-se vários erros.

Em primeiro lugar, nós vivemos numa ditadura. A ditadura do poder financeiro. Onde o dinheiro manda. Quem o tem, manda. E acena, qual cenoura em frente aos narizes dos políticos, mantendo-se na sombra enquanto os políticos trocam os seus ideais da juventude pelo poder de decidir. De decidir? Claro que não. continuam a não decidir e, entretanto, perderam os tais ideais. Manda decidir quem tem o dinheiro e financia as campanhas. Nem mais, nem menos.

Outro erro clássico, é pensarmos que democracia é liberdade. Quase todos os países marxistas auto-intitulam-se de democracias. E com muita razão. Hitler ganhou o poder através de eleições. E Hitler era um socialista. Logo de esquerda. Claro que os esquerdistas quiseram dissociar-se dele e decidiram que era uma ditadura das corporações, logo era diferente. Era de direita. Chamar ditadura de esquerda ou de direita soa a estupidez. Os média gostam e nós comemos e calamos. Aliás, definir política com um espectro de direita à esquerda soa-me decididamente estúpido. É a forma de potenciar clubismo.

"És de esquerda?"
"Eu?! Credo! Claro que não!"
ou
"Claro que sim! 'Tás a confundir-me?"

"Acreditas nos políticos?"
Aqui poderemos colocar qualquer das respostas anteriores. Escolha a que lhe convier...

Dizem que a democracia é a escolha do povo. O poder do povo. Mas lá porque os gregos chamaram este tipo de esquema de decisão assim, não quer dizer que seja a realidade. Lá porque votamos numa série de políticos, não quer dizer que exerçamos o poder. Só me apetece rir. Pergunto-me,muitas vezes, quem escreveu a nossa Constituição. Foi o povo? Não. Foi colocada à votação do povo? Não. É ensinada na escola? Não. Então que raio de democracia é esta que nos impuseram?

Uma das coisas enraçadas na democracia é o bem da maioria. Mas... se 51% do povo quiser algo que os restantes 49% não queiram, poderemos dizer que existe liberdade? Ao definirmos a nossa república como um "Estado de direito democrático", vulgo democracia (art. 2º da Constituição da República Portuguesa), estamos a contrariar os principios fundamentais da liberdade individual...