sábado, 24 de setembro de 2011

Silêncio!

Deparo-me com frequência com pessoas que são mais inteligente que eu.
Hoje responderam-me:

"Se é lei, só tens de obedecer!"

Eu respondi:

"Se a lei disser que a partir de hoje têm o direito de te explorarem o vácuo na extremidade do teu corpo abaixo do cóccix (não foi bem assim que disse...) responderás o mesmo?"

Resposta da inteligência:

"Se conseguirem aprovar essa lei, que remédio tenho."

Eu tenho remédio. Eu quero ter remédio. E para isso formaria um movimento. Ou dois ou três. Até um partido político. E tenho a certeza que teria mais assinaturas do que as que precisava. E se fosse a eleições com esse argumento, tenho certeza que ganhava.

Claro que não se trata de me irem àquele lugar. Não fisicamente, pelo menos.

Mas o Hittler também não quis matar os judeus no primeiro dia. Foi instigando um xenofobismo gradual. Depois disse aos judeus que os isolaria em guetos para sua própria portecção. Depois delocou-os para compos onde estariam protegidos contra o resto da população xenófoba. Depois colocou-os numa câmara de gás.

"Primeiro vieram buscar os comunistas, e eu não disse nada porque não era comunista.
Depois vieram pelos judeus, e eu não disse nada porque não era judeu.
Depois vieram pelos sindicalistas, e eu não disse nada porque não era sindicalista.
Depois vieram pelos católicos, e eu não disse nada porque era protestante.
Depois vieram por mim e, nessa altura, já não havia ninguém para erguer a voz."

- Martin Niemöller -

O atropelo diário aos direitos de um povo por uma elite governante, financeira ou outra são impostas porque nos calamos.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Indignação

Há alturas em que a vontade é de chorar, mas rimo-nos. Há algo que nos causa uma forte emoção e um mecanismo de defesa entra em acção, porque chorar é sinal de fraqueza. Há uma forte "feminização" hoje em dia na sociedade, onde observa-se que os "homens também choram".

Eu acredito que tem a ver com a sensibilidade de cada um. A capacidade de sentir emoção. Aquela imagem de pessoas a serem assaltadas e ninguém intervém, não vá o Diabo tecê-las, é predominante numa sociedade onde o medo superou a indignação.

O mesmo se passa com a política, onde a sensação geral é de que os políticos são "todos iguais". E ninguém faz nada. Todos estamos à espera do D. Sebastião, qual Robin dos Bosques, saindo por entre as brumas e retirando aos banqueiros e ricos para entregar-nos. O Robin foi o primeiro Marxista, suponho. Terá Karl Marx se inspirado nele? Porque os banqueiros devem ter-se inspirado em D. Sebastião. Eles sabem que não haverá salvador nenhum e mantém-se no limiar do nevoeiro.

O sistema financeiro e económico é de tal forma complexo que nem os catedráticos no assunto conseguem se entender sobre as previsões. Negam o passado aos tolinhos que os alimentam e prosseguem nas suas mansões, estilo Napoleão, aquele porco que negociava com os humanos no Triunfo dos Porcos.

Todos somos iguais!
Mas uns são mais iguais que os outros!

O Marxismo, na sua essência, poderia considerar-se como algo de bom - todos temos os mesmos direitos. Aquelas coisas abstractas a que me referia aqui, pecam por várias razões, a menor sendo que quem os definiu nunca foi o povo, aqueles a quem são atribuídos. Mas o Marxismo e o consequente Comunismo, são apenas uma outra face do Capitalismo - ambos distribuem o dinheiro conforme lhes apetece. Quer o povo queira, quer não.

Em 1976, altura em que foi votada a nossa Constituição, reuniu-se a Assembleia Constituinte e aprovou-a. O primeiro artigo é o seguinte:

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

Quando entrámos para a CEE, perdemos parte da nossa soberania. Foi feito algum referendo? Não.

Logo, não sabemos se foi a vontade popular. Sabemos, isso sim, que não foi um empenho na construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Livre? Submissão da vontade dos portugueses ao dictat europeu não é liberdade da República soberana. Justa? Se ao menos a nossa justiça se parecesse com a de alguns países europeus, seria positivo. Solidária? Perguntem ao Sarkozy e à nossa amiga Frau Merkel.

Este emaranhado de observações leva-me a uma conclusão:

Os tolinhos que compõe o povo, isto é, NÓS, somos completamente ultrapassados pelos sucessivos acontecimentos que dizem respeito à nossa vida. Não somos livres, não somos alvos de justiça nem de solidariedade. Pisam-nos sucessivamente. Os média são o braço direito do poder político/económico, adormecendo o leão, enquanto o vulgo chacal se enfarta na presa que não matou.

Será que não há outra forma de vivermos em sociedade?

Indignemo-nos!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

George Carlin

Estava a ver alguns vídeos de um grande comediante americano, George Carlin, que morreu em 2009 se não estiver a ser traído pela memória.

Há alturas, no seu trabalho mais recente, que parece mais um crítico social do que um comediante. Um cínico, diria eu. Tal como eu, permitam-me a modéstia. Ou ausência dela...

Aquilo que me fez vir aqui escrever, algo que não fazia há algum tempo, foi uma das "piadas" dele. Sobre direitos. Aqueles que nós temos. Ou não temos.

Ele diz que nós só temos duas possibilidades: ou temos direitos infinitos, ou não temos nenhum. O que fará a Alemanha ter 29 direitos na constituição e a Suíça ter 6? Ou os americanos terem 10? God given rights - diz ele de forma jocosa. Direitos recebidos de Deus, para os mais desconhecedores da língua inglesa. Será Deus um mau aluno a matemática? Será Ele um ser infinitamente brincalhão ao atribuir direitos diferentes aos vários países? Qual terá sido o Seu critério? Notem que hoje apetece-me seguir as imposições linguísticas da Igreja ao colocar a letra maíscula nos pronomes divinos...

A resposta do cínico é que passa tudo por uma forma de controlo. Parece-me que ele tem razão. Como em muita coisa que ele escreveu/disse. Ao colocarmos direitos na constituição, estamos a limitar aquilo a que temos direito. Não deveria ser ao contrário? Colocarmos aquilo que não podemos fazer? E deixarmos a cada um a decisão moral dos nossos actos?

Isto leva-me a um problema social muito grave: a falta de civismo. A compreensão de respeito mútuo podería ser ensinado na escola. Aulas de civismo. Sem o aspecto moral, que só prejudicaria estas lições. A moral é algo que leva ao preconceito. Logo... evitável.

Porque considero a a falta de civismo como algo muito grave? Porque é a razão de todos os males que se perpetuam por esse mundo fora. Vejamos:

  • Uma pessoa cívica jamais roubaria outro;
  • Não mentiria;
  • Não mataria;
  • Não enganaria;
  • Não condenaria outros por terem uma opinião diferente;
  • Não abusaria da boa vontade alheia;
  • Não olharia para o lucro como o principal motivo de interacção com outros.
Acho que acabei de descrever os políticos...

Deixo-vos com um link do vídeo onde poderão visualizar este Homem, que apesar de ser ateu, tentou trazer algumas lições verdadeiramente divinas!


Nota: A tradução não é a melhor mas foi o que consegui encontrar...