quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Mundo real ou artificial?

Quantos de nós se perguntam regularmente o que fazemos aqui? O que realmente fazemos neste mundo? Porque nascemos neste planeta, neste local, nesta hora, neste seio familiar?
Porque somos abusados ou ignorados?
Porque nascemos no berço de ouro ou na carroça do lixo a caminho do aterro?
Será que poderíamos ter evitado alguns dos obstáculos que enfrentámos?
Será que os obstáculos eram imaginação nossa ou uma realidade exterior?

Poucos são os que realmente param para pensar nestas "realidades". Será porque não são seres curiosos? Não creio. Acho que vivemos demasiado absorvidos em trivialidades. Trivialidades tais como a educação adequada para competirmos nesta sociedade. Sociedade em que só é possível sobreviver se ganharmos dinheiro. No money, no funny!

Já tenho mencionado a diferença entre o físico e o abstracto. Há uma coisa que tenho observado, que é a dificuldade que uma criança tem de compreender o conceito "tempo". Para as crianças, impacientes e curiosas, estarmos a duas horas ou duas semanas do nosso destino é igual.

O conceito de grupo é algo abstracto. Não é palpável. Não conseguimos abraçar um grupo ou tocar-lhe porque não existe. Conseguiremos tocar cada unidade, até todas ao mesmo tempo, mas nunca o grupo. Quem lhe chamou de grupo fomos nós. Juntámos várias unidades e facilitámos a nossa vida, atribuindo-lhe um nome. Mas esta atribuição é usada para confundir a realidade com a imaginação. Quando discutimos conceitos como sociedade,  as suas vantagens e desvantagens esquecemos, muitas vezes, qual o objectivo principal - o indivíduo. Retiramos ao indivíduo a liberdade de decisão e entregamo-la ao grupo. A hipocrisia instala-se e, consoante a vontade do grupo maior, decisões são tomadas que atropelam a liberdade de escolha do indivíduo. São exemplos notórios todos os que envolvem política, religião, moral, clubismo, etc. Quem definiu quem era o líder? Como atingiu o líder essa posição?

Exemplos abundam da estupidez do ser humano e da sua sociedade. Porque se casam as pessoas? Porque se definiu que, nesta cultura ocidental, que os casamentos devem ser monogâmicos? Quem define se pessoas do mesmo sexo se casam? Se podem adoptar? Quando assisto a discussões sobre estes assuntos presencio, de parte a parte, uma série de argumentos fossilizados, repetidos, nitidamente não racionalizados pelos indivíduos que os regurgitam. Em muitos textos sagrados existe a expressão "livre arbítrio". Mas será condenado ao sofrimento eterno quem tiver o descaramento de o seguir.

"Tens a liberdade de escolher o que vais fazer, mas se não for aquilo que te dizemos que é o correcto arderás no Inferno para sempre!"

Que frase tão comum e ao mesmo tempo tão arrepiante.

Se eu decidir fazer algo que não interfere com a liberdade de outros, que é que eles têm a ver com essa mesma decisão? A tentação de imposição de uma forma de viver de um grupo maior sobre um mais pequeno é, aparentemente, demasiado grande para que esse deixe este em paz... Aqui entro numa teoria que tenho - as pessoas são tão tristes na vidinha que escolheram que não perdem a oportunidade de arrastarem os mais felizes para o seu charco de lágrimas. Mais comummente conhecido como lodaçal.

Se eu decido que quero ter 20 mulheres e elas todas me quiserem, que têm os outros a ver com isso? Nada? Mas eu sou um criminoso se o fizer. Mesmo que a lei me permita, sou olhado e ostracizado pelo grupinho dos invejosos que estão casados com o cônjuge amado que lhes azucrina a tempo inteiro... Portanto, sou culpado de ser feliz na minha opção - condenado a arder no Inferno para "todo o sempre" ao mesmo tempo que os críticos já ardem nesta vidinha triste...

Se uma mulher quiser ter um parceiro diferente todos os dias, é uma vaca. E aqui estou a ser bastante moderado. Mas se um homem o fizer, será um garanhão. Ou um touro, se quiserem manter a analogia.  Faz sentido? Infelizmente continua a fazer muito sentido, inclusive para muitas mulheres. A única observação que eu faço é - que é que eu ou os outros têm a ver com isso? Desde que essa mulher não os force ao vil acto que temos nós a ver com isso? Chama-se meter o bedelho. Que é uma coisa feia. A não ser que seja para impedir que alguém atinja a felicidade individual. Nesse caso temos todo o direito de interferir. Ou será que não?

Estes são pequenos exemplos de uma decisão abstracta. Se discordamos é porque está mal. Se discordamos vamos impor a decisão do grupo maior. Para os mais desatentos em relação à opinião do autor deste texto chamo a atenção ao facto de eu estar a utilizar ironia.

Não haveriam guerras se todos se envolvessem só com o que lhes diz respeito. Estes são os momentos em que o egoísmo deveria existir. Só nos devíamos preocupar connosco e a nossa vida.  Desde que não prejudiquemos os outros. Esta parte é melhor incluir não vá alguém pensar que eu estou a encorajar assassinatos de pessoas que não gostamos ou roubar os que têm só porque nós não somos capazes de ter. Quando uma decisão de um Governo, mesmo que eleito legalmente, mesmo que seja para apanhar os prevaricadores, prejudica a liberdade individual, ela é errada. Aqueles que não se importam de ser filmados ou parados pela polícia numa operação de trânsito porque não têm nada a esconder, prejudicando a liberdade individual, deveriam pensar que é o vosso dinheiro que está a ser usado para vos controlar. Lembrem-se que há documentos secretos que não podem ser revelados ao povo porque prejudicaria a segurança nacional. Só não sabemos de quem é essa segurança pois não temos acesso aos ditos. Negociatas secretas, talvez... e não são para nosso bem...

Tanta legislação que já foi produzida e no entanto somos obrigados a conhecê-la toda. Ignorância da lei não é justificação para não a cumprirmos. Até os que não sabem ler não podem advogar o desconhecimento das regras. Vi um filme/documentário do Aaron Russo, um cineasta e activista político Norte Americano, onde ele afirmava que a profusão de legislação Americana era de tal ordem que levaria a qualquer cidadão do país cerca de 3 milhões de anos para a ler toda. MAS! Não pode alegar desconhecimento da lei ou é criminalizado. Qualquer dia decidem por nós que cor de cuecas devemos usar. E ai de quem prevarique!

Eu não quero que o Estado decida o que eu devo comer ou vestir. O que devo fazer com o meu tempo. Não admito a ingerência do Estado na minha vida. Eu sou um indivíduo que quer ser livre para tomar as suas decisões. Eu quero que não me escondam nada para que eu possa fazer as minhas escolhas da forma mais informada possível. Num país democrático e livre, todos temos esse direito.

Eu não defendo o conceito abstracto "para o bem da maioria". Eu sou um realista e quero que não me chateiem!

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Teoria da casualidade...

Quantas vezes ponderamos sobre os acontecimentos mundiais? Raramente. Damos aos jornalistas essa possibilidade. Temos muitos afazeres, entre os nossos empregos e os familiares a nosso cargo. E, quando temos tempo, lemos uns jornais ou vemos os telejornais, cujas notícias são chapa 5. Se fizerem um zapping pelos jornais das várias estações são confrontados com uma realidade inegável - com uma ou outra pequena variação, falam todos sobre o mesmo. Até algumas das imagens são "emprestadas".

Como eu gosto de ver notícias de outras fontes, tendo a sorte de dominar o inglês, tenho acesso ao que se passa por esse mundo fora, por uma perspectiva diferente. E não estou a falar da CNN ou da BBC. Verdadeiras alternativas que colocam os cabelinhos da Hillary Clinton em pé, quando disse que estão a perder a "guerra da informação". Há muitos canais de informação na internet que não dão as notícias do Estado Norte Americano tal qual elas são produzidas - pela máquina de propaganda do governo dos EUA - admitiu ela perante o Congresso Norte Americano. Queria mais uns 40 biliões de USD (perdoem-me se o montante está errado, mas é de memória que o digo) para poder "combater" esta Infowar.

Esta simples admissão da Secretária de Estado Norte Americana tem diversas implicações. Uma das principais é a de que é necessário o Estado Norte Americano ter a sua propaganda para contrariar TV's como a RT ou como a Al Jazeera. Nestas alturas sou sempre recordado de uma velha máxima que a mim me assiste: há sempre três verdades - a minha, a do outro e a... verdadeira!

Se há necessidade de propaganda para justificar as acções do Governo Norte Americano, será porque estas não são claras? Será porque não eram para ser conhecidas do público? Um ex-Governador do Minnesota, o Jesse Ventura, escreveu um livro intitulado "63 Documents the Government Doesn't Want You to Read", onde incluía 63 documentos tornados públicos ao abrigo da lei de liberdade de informação americana e alguns que foram publicados pela Wikileaks. De acordo com o ex-Governador, cerca de 16 milhões de documentos são classificados como secretos todos os anos, pelo Estado Norte Americano.

Será que tudo o que acontece... é por acaso? São meras coincidências?

Não li nem ouvi, nas notícias portuguesas, nada relacionado com o escândalo Climate Gate. Um hacker russo(?) colocou na internet uma série de e-mails sobre como os cientistas da IPCC, a autoridade mundial sobre o aquecimento global, andavam a alterar os dados e a fabricar os resultados. Com base nesses resultados pagamos cerca de 48% da nossa factura eléctrica em "subsídios" para as energias renováveis. Luvas será o termo correcto. Será que o governo português não está a par? Dou o benefício da dúvida em cerca de 0,00000001%, de que ninguém nos últimos governos soube do Climate Gate.

Todos os dias vemos atropelos aos direitos humanos. Meninas que queriam retirar aos pais porque estes queriam uma alternativa de cura para um cancro que o Estado não queria autorizar. Auto-stops nas estradas pela polícia para verificar se cumprimos as regras, invadindo a nossa privacidade e fazendo-nos chegar atrasados ao nosso destino. Vemos os "criadores" da nossa dívida soberana irem para Paris estudar filosofia enquanto nos retiram parte do nosso ordenado sem que possamos sequer reclamar. Não podemos manifestar o nosso desagrado, neste país de livre expressão, sem que a polícia nos caia em cima como autênticos vilãos. Vivemos numa casa comprada por nós, num terreno comprado por nós, mas se não pagarmos a contribuição autárquica, retiram-nos a casa.

Se tivermos uma dívida às Finanças, penhoram-nos tudo até que a dívida esteja saldada ou que não haja mais nada para penhorar. Num caso que testemunhei, penhoravam uma casa cuja dívida da hipoteca era superior ao valor comercial. Quando se perguntou porque motivo, disseram literalmente: "Enquanto tiver o que quer que seja, será tudo penhorado até saldar a dívida." Não querem saber. A cidadã que o disse não tem consciência que amanhã poderá estar numa situação semelhante. Sem ser por culpa dela. Que era o caso da pessoa envolvida.

As coisas não acontecem por acaso. Há um motivo. Ou vários. O estado das coisas é propositado. Serão demasiadas coincidências. Ver os causadores das crises, os políticos e grupos financeiros, continuarem as suas vidas com as reformas pagas por nós, enquanto nos tiram as casas e os nossos bens. Se não fosse por acaso, eles também seriam afectados. E não o são...

sábado, 19 de novembro de 2011

Democracia - para o bem da maioria

Quando se ouve uma discussão sobre qual o modelo político que melhor serviria um país, é frequente ouvirmos dizer que esse modelo é a democracia. Há quem diga que o ideal é a anarquia, mas este é um modelo utópico... entrarei na utopia mais tarde, noutra mensagem.
Tive um amigo que era defensor da anarquia e via no comunismo a forma ideal de disciplinar o ser humano. Uma forma de preparação. A disciplina prepara-nos para a total desregulação. Tínhamos cerca de 15 ou 16 anos. Eu ri-me. Compreendi o que ele queria dizer mas disse-lhe que não fazia sentido. Anos mais tarde comecei a pensar se ele não teria razão. Hoje mantenho a posição inicial. Não faz qualquer sentido. Castigar alguém antes de cometer uma falha não é muito pedagógico - a pessoa comete a falha na mesma porque já foi castigada ou se não a cometer terá sido punida sem justificação. O comunismo, é uma forma de ditadura, uma imposição de conceitos que alguém se lembrou de considerar como justos. Não vou discutir a bondade dessas considerações, apenas referir algo que é considerado como verdade absoluta - a menor liberdade em nome do bem comum, ou do bem da maioria.
A sociedade, o grupo, o rebanho, a floresta, o cardume, são produtos da nossa imaginação. São conceitos abstractos. A árvore é física. A floresta é um conceito. O mesmo se pode dizer da sociedade. O indivíduo é algo físico. O grupo ou sociedade são conceitos abstractos. Pura imaginação. Fruto daquilo que deveria nos distinguir do resto do reino animal mas que muitas vezes nem parece fazê-lo do reino mineral - a razão.
Quando damos mais importância ao bem comum, retirando liberdade ao indivíduo em prol da comunidade, retiramos ao real para dar ao imaginário. E desde criança que sempre ouvi dizer que a imaginação não passava disso mesmo... Se há muitos que não pagam os impostos, vamos cobrar mais aos que pagam. A velha estratégia da justiça democrática. Pelo bem comum vamos virar os que pagam de pernas para o ar e esperar que o resto dos troquinhos caiam para serem apanhados na rede das necessidades imaginárias da sociedade onde o dinheiro desaparece qual passo de magia, ou imaginação...

Democracia - o poder da maioria, para o bem da maioria, a vontade da maioria... mas a maioria não quer saber...

Dizem-nos que temos a oportunidade de julgar os nossos representantes de tantos em tantos anos, que temos o poder de decidir o que queremos. Mas quantos políticos cumprem o que prometem? Nenhum. Até agora. E provavelmente até ao fim dos tempos nenhum cumprirá. Há sempre desculpas. E nós podemos pará-los de quatro em quatro anos colocando lá outro que fará o que quer, quer tenha prometido quer não.

Há anos que acompanho a política. Nunca, como no presente, me revoltei tanto. A conversa sobre as medidas de austeridade para o nosso bem. A conversa de que devemos e, como pessoas honradas, temos de pagar. Se a minha querida mãe decidisse gastar um milhão de euros em compras, porque tinha perdido a cabeça (sabes-se lá onde ia arranjar o milhão, mas é um número engraçado...) eu ficaria responsável por essa dívida? Se os meus filhos fizessem o mesmo, eu seria responsável por essa dívida? Se eu dissesse a qualquer um deles para se endividarem em um milhão, comprando camarão e lagosta e um belo vinho verde, e eles comprassem roupa, seria responsável? Se comprassem meio milhão, eu já me sentiria responsável por esse valor. Não é o que se passa com os políticos? Endividam-se em nosso nome, mas não foi isso que lhes pedimos. Antes pelo contrário. Pedimos-lhes que pusessem as contas públicas em ordem e eles riram-se. Consigo imaginá-los com os seus dedos cruzados atrás das costas enquanto nos mostram um ar solene e mentem por entre todos os dentinhos que têm, sejam os verdadeiros ou os do consultório do Dr. Maló.

É esta a vontade da maioria?

Todos queremos tudo de graça. Não queremos pagar nada. Queremos a melhor saúde do mundo de borla. Queremos a melhor educação do mundo de borla. Queremos auto-estradas no meio das cidades para visitarmos os nossos queridos paizinhos sem portagens. Queremos institutos para tudo, inclusive para o que não queremos. A isto chama-se democracia.

A vontade da maioria.

A estupidez da maioria...

A maioria decide. A maioria decide estupidamente...

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Paradigma do espectro político

Há muitos anos que me riu quando alguém menciona que este sujeito é de esquerda ou que aquele é de direita.

Não é possível deixar de largar uma gargalhada quando ouvimos sujeitos do PC ou outros partidos comunistas falarem mal do Fascismo.

De acordo com a definição da Porto Editora:

fascismo  
nome masculino
1.HISTÓRIA, POLÍTICA sistema instituído por Mussolini (1883-1945), em Itália, caracterizado pela defesa de um nacionalismo exacerbado e pelo exercício de um poder centralizado e ditatorial baseado na repressão de qualquer forma de oposição
2.movimento, tendência ou ideologia com as mesmas características
3.regime totalitário
4.forma de poder que exerce um forte controlo ditatorial
comunismo  
nome masculino
1.regime político, económico e social caracterizado pela comunhão de todos os bens (meios de produção e bens de consumo) e pela ausência da propriedade privada
2.POLÍTICA doutrina política, económica e social que tem em vista a instauração daquele regime
3.conjunto dos adeptos desta doutrina
À primeira vista, não têm nada a ver um com o outro. Engraçado... É muito engraçado como na definição de comunismo não vêm as possibilidades 3 e 4 da definição do fascismo...

De acordo com The Free Dictionary by Farlex:

fas·cism
n.
1. often Fascism
a. A system of government marked by centralization of authority under a dictator, stringent socioeconomic controls, suppression of the opposition through terror and censorship, and typically a policy of belligerent nationalism and racism.
b. A political philosophy or movement based on or advocating such a system of government.
2. Oppressive, dictatorial control.
com·mu·nism
n.
1. A theoretical economic system characterized by the collective ownership of property and by the organization of labor for the common advantage of all members.
2. Communism
a. A system of government in which the state plans and controls the economy and a single, often authoritarian party holds power, claiming to make progress toward a higher social order in which all goods are equally shared by the people.
b. The Marxist-Leninist version of Communist doctrine that advocates the overthrow of capitalism by the revolution of the proletariat.
De acordo com o Oxford Dictionary:
fascism
noun
[mass noun]
  • an authoritarian and nationalistic right-wing system of government and social organization.
  • (in general use) extreme right-wing, authoritarian, or intolerant views or practices:this is yet another example of health fascism in action
communism
noun
[mass noun]
  • a theory or system of social organization in which all property is owned by the community and each person contributes and receives according to their abilityand needs.  See also Marxism

Tudo isto para provar o quê??

Na maior parte dos diccionários não vemos qualquer tipo de referência ao socialismo quando procuramos fascismo. Mesmo quando fazemos uma busca por comunismo são raras as referências. Aliás, uma das coisas que estranhei foi o facto de poucos serem os diccionários que se referem ao comunismo como ditatorial. Eu não conheço nenhum regime comunista que não seja ou tenha sido ditatorial e, no entanto, a opinião 2a da Farlex diz que é frequentemente autoritária. Na URSS, na China, em Laos, no Vietnam, na Coreia do Norte, em Cuba, em Angola, etc... Algo que é bastante engraçado nas buscas que fiz é que Angola já não é um regime comunista. Nem uma democracia governada por um partido comunista. Irónico, não é?

A ideia que o fascismo, exceptuando a definição da Oxford que faz uma referência ao "social", não é uma forma de socialismo, ou que o comunismo não tem como base o socialismo, é, no mínimo, intrigante. Que quererão estes senhores que escrevem as definições nos diccionários esconder? O Hitler chamou ao partido dele o partido nacional socialista. O Lenine chamou-lhe o partido comunista. Baseando-o nos princípios de Marx e Engels que escreveram o Manifesto Comunista. Os mais estudiosos do assunto dizem que estes autores limitaram-se a escrever o que já eram ideias que circulavam pela Europa. Não vou questionar qualquer das opiniões. Deixemos as teorias da conspiração para outra altura.

Se concluirmos que o fascismo é uma ditadura socialista de direita, que o comunismo é uma ditadura socialista de esquerda, que será o centro? Se temos socialismo à esquerda e à direita, no meio só há uma coisa possível - socialismo. Não? Então onde poderemos colocar a anarquia? É uma forma política. Mas não cabe na versão de espectro político corrente. Se temos uma versão onde não podemos incluir algumas formas políticas, será lógico pressupor que está errada. Não escolhendo o lado esquerdo ou direito, será possível colocar numa ponta do espectro a total ausência de liberdade, vulgo ditadura, e, na outra ponta, colocamos a liberdade total, vulgo anarquia. No centro poderemos colocar a democracia, onde a liberdade é medida de acordo com leis impeditivas da mesma. É absolutamente indispensável perceber que a democracia é simbólica de perda de liberdades. Lá porque se vota e se diz o que se pensa, não quer dizer que sejamos livres. Somos apenas parcialmente livres.

A minha lógica diz-me que somos inundados por esta lógica falaciosa, de que os extremos se tocam, por alguma razão. Mas, mais uma vez, deixemos as teorias conspiratórias para outra altura.

Há uma coisa que convém considerar - tudo o que nos ensinam e impõe diariamente sobre esquerda versus direita é pura propaganda. E quem são os peritos em propaganda? Os comunistas... e isto é um facto e não teoria!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Constituição?! Para quê?!

Artigo 7.º
(Relações internacionais)

1. Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados e da cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade.

2. Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.


Mas que raio... esta Constituição da República Portuguesa diz que os nossos governantes são todos criminosos...

Ora vejamos:

"Portugal rege-se (...) pelos princípios da independência nacional(...)" e "(...) da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados." Será assim que o Saddam Hussein e o Muammar Kadhafi terão pensado? Nah... eles não leram a Constituição da República Portuguesa... e a verdade é que nós não mandámos forças militares para esses países. Armas são outra coisa e permissões aos americanos para usarem a base das Lajes também o são... mas... ah! Já sei! O princípio de auxílio que prestámos à destruição das infra-estruturas desses países prende-se com o respeito pelos "(...) direitos do homem, dos direitos dos povos(...)" e com a "(...) cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade." Eles estavam emancipados, mas não progrediam... pelo menos de acordo com o Ocidente!

Claro está que "(...) os princípios (...) da solução pacífica dos conflitos internacionais (...)" só são possíveis quando existem esses conflitos. Que até à data de invasão do Iraque pelas forças internacionais, não havia. Como a única ajuda que prestámos foi a de deixar os americanos usarem as Lajes, não rompemos nenhum princípio da nossa Constituição. Será?

Mas... que dizer do facto de "Portugal preconiza a abolição do imperialismo(...)" americano? E "(...) de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos."?
Será que ir atrás do petróleo e outros recursos de outros países através de invasões encobertas sob a desculpa de armas não existentes, ameaças não existentes, mentiras sem qualquer tipo de pudor, não poderá ser considerado como formas de exploração, agressão e domínio imperialista?

Mas... se não participámos em nada disso... pelo menos assobiámos para o lado enquanto as coisas se passavam. E que dizer do triste espectáculo de Durão Barroso que foi premiado com a presidência da Comissão Europeia...

Mas... se nós preconizamos o fim de qualquer tipo de colonialismo e imperialismo, como podemos permitir o Tratado de Lisboa e a respectiva ingerência nos nossos assuntos? A Constituição diz, no artigo 1.º, que somos uma República soberana... quer se deva dinheiro ao exterior ou não.

Se a República endividou-se, tem de pagar. Isto é um assunto aberto a discussão, pelo menos para mim, mas vamos partir do princípio que é verdade. Aterrorizaram-nos com o fim do mundo se não pagarmos. Nunca mais vamos poder pedir dinheiro emprestado lá fora. Ou, pelo menos, durante bastantes anos ninguém nos quererá emprestar. Não estou a ver nenhum problema com isso... se não nos emprestarem vamos ter que viver com o que temos. Que é o que sempre deveríamos ter feito. Se queremos algo que não produzimos, temos duas formas de o conseguir - ou passamos a produzir ou trocamos com outros que queiram algo que nós produzimos em excesso. Matemática básica. Vendemos aos outros o que temos em excesso ou não queremos e compramos o que queremos, desde que o saldo assim o permita. Isto é algo que sempre me fez confusão - o deficit. Todos os anos, em Outubro, apresentam-se os orçamentos com uma valor previsto de perda. A discussão dos analistas e dos políticos é se a perda é grande ou pequena. Mas nem sequer colocam em causa o facto de ser uma perda. Isto é algo que acontece em todos os países. Leva-me a acreditar que deve haver um país escondido algures que deve ter um superavit tremendo, sendo o somatório de todos os deficits dos outros. Claro que me dirão que são os privados que emprestam o dinheiro e não uma troca entre os países... então... os privados estão sempre a ganhar no que toca a ficar com o dinheiro de todos?? Os privados que serão instituições financeiras ou particulares que conseguem comprar países?? Os tais 1%? Hmmm...

Mas... se são os privados que ficam agarrados a um investimento mal feito (uma dívida de um país que tem deficits todos os anos desde que existe não será concerteza um bom investimento) o que querem o FMI e o BCE e a Merkel e o Sarkozi? Ingerirem-se nos nossos assuntos?? Mas se a Alemanha e a França foram os primeiros a não cumprirem o pacto de estabilidade do Euro e ninguém se importou... porque não ficámos nós com uma parcela da Alemanha ou da França nessas alturas? Não seria parecido com o que nos estão a fazer agora? É que o dinheiro que devemos não é aos alemães. É aos bancos ou especuladores que deram um tiro nos pés. A não ser que... será? Os políticos estão na cama com os especuladores?? Nah! Não acredito! Não pode ser!!

Não podemos estar a sofrer medidas de austeridade brutais porque compramos, entre muitas outras coisas, submarinos aos alemães! Não será possível! Será??

Estou com dor de cabeça. Há anos que me pergunto se podemos criminalizar quem nos colocou nesta posição. Responsabilizar quem erra. Respondem-me que se castigam os políticos nas eleições. Só mesmo quem tem o rabinho preso é que pode responder assim. Isso ou é um otário. Nome vulgarmente dado a um idiota sem ideias próprias. Vulgo povo. Essa massa disforme que não acredita na sua força, no seu poder, na sua demo kracia.

Ditadura vs liberdade - parte II

"A Assembleia Constituinte, reunida na sessão plenária de 2 de Abril de 1976, aprova e decreta a seguinte Constituição da República Portuguesa:

Princípios fundamentais

Artigo 1.º
(República Portuguesa)

 
Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.


Artigo 2.º
(República Portuguesa)

 
A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa."

- Constituição da República Portuguesa -


Porque será que sublinhei estas partes dos artigos?

É minha crença profunda que estes dois artigos estão em contradição...

Se nos empenhamos "(...)na construção de uma sociedade livre, justa e solidária." temos que ter em consideração as vontades das minorias. Todos os preconceitos têm de ser retirados das mentes da maioria, sejam de origem religiosa ou moral. Se retirarmos estes preconceitos estaremos a invadir o princípio fundamental da liberdade individual. Numa democracia, vale a vontade da maioria. Logo, será lógico supor que uma democracia não é um sistema livre.

"Dentro dos sistemas possíveis é o melhor!" - Dizem todos, especialmente os políticos.

Não! Não é! Isso é o engodo que nos atiram para cima desde a mais tenra idade.

"Só tens liberdade numa democracia!" - Continuam a vociferar.

Não! Não é verdade!

Uma democracia não implica liberdade. Lá porque eu posso dizer que a lei é injusta não estou isento de a cumprir...

Se pensarmos bem nas reclamações de todos os perseguidos pela PIDE encontramos a liberdade de expressão como a principal. O impedimento de subversão é outro. Mas, em geral, o Estado Novo permitia às pessoas fazerem o que bem lhes ia na gana. Alguns dos outros "pecados" eram de origem religiosa, moral.

Como agora já há uma pseudo-liberdade de expressão (não se esqueçam do politicamente correcto!) viveremos em liberdade?

As pessoas são, em geral, donas de um cérebro funcional. Há aqueles que sofrem de paralisia que lhes impedem um funcionamento correcto de membros ou de das funções cognitivas. A minha questão prende-se com o facto de não visualizar, na maior parte dos casos, uma das funções que nos distingue do resto do reino animal - a razão!

A célebre expressão - não emprenho pelos ouvidos - parece estar limitada às discussões sobre a vida pessoal e não ao que mais interessaria - a vida de todos nós.

Neste momento da vida europeia que atravessamos, onde o poder financeiro sobrepõe-se ao poder individual e social, onde se retiram direitos aos povos que elegeram os governos, onde os políticos decidem retirar de cena os eleitos e colocarem os burocratas da cor da Corte Europeia (Grécia e Itália) que são mandatados pelo poder financeiro (ambos são membros do sistema bancário), seria expectável que nos insurgíssemos contra este completo atropelo da nossa sociedade "moderna".

"(...) no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais(...)"

Quando o Estado decide cobrar o IVA a uma empresa que não factura, simplesmente porque não foi participado à DGI que não havia actividade, penhorando os bens de pessoas honestas porque estas desconheciam o facto, o Estado não age como pessoa de bem. Considera que todos somos corruptos e atropela a liberdade individual. A inversão do ónus da prova é um tema muito discutido na praça pública no que toca ao enriquecimento ilícito. NÃO! Não pode nem nunca deverá haver a inversão do ónus da prova. Se retiramos aos justos para apanharmos os pecadores teremos sempre um atropelo daquilo que nós temos de mais valioso: a liberdade individual!

Termino esta mensagem com uma observação religiosa, coisa que não sou de modo nenhum.

Nem Deus teve coragem de nos retirar a liberdade individual! Os Seus representantes... isso já é outra coisa...

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ditadura vs liberdade

Estava a ouvir um daqueles programas de opinião pública na TV. Dois senhores estavam a questionar se não seria melhor vivermos sob uma ditadura, em vez de numa democracia onde impera o capitalismo selvagem. Nos dias de hoje, nunca tantos tiveram tão pouco enquanto tão poucos tiveram tanto.

Ora, aqui encontram-se vários erros.

Em primeiro lugar, nós vivemos numa ditadura. A ditadura do poder financeiro. Onde o dinheiro manda. Quem o tem, manda. E acena, qual cenoura em frente aos narizes dos políticos, mantendo-se na sombra enquanto os políticos trocam os seus ideais da juventude pelo poder de decidir. De decidir? Claro que não. continuam a não decidir e, entretanto, perderam os tais ideais. Manda decidir quem tem o dinheiro e financia as campanhas. Nem mais, nem menos.

Outro erro clássico, é pensarmos que democracia é liberdade. Quase todos os países marxistas auto-intitulam-se de democracias. E com muita razão. Hitler ganhou o poder através de eleições. E Hitler era um socialista. Logo de esquerda. Claro que os esquerdistas quiseram dissociar-se dele e decidiram que era uma ditadura das corporações, logo era diferente. Era de direita. Chamar ditadura de esquerda ou de direita soa a estupidez. Os média gostam e nós comemos e calamos. Aliás, definir política com um espectro de direita à esquerda soa-me decididamente estúpido. É a forma de potenciar clubismo.

"És de esquerda?"
"Eu?! Credo! Claro que não!"
ou
"Claro que sim! 'Tás a confundir-me?"

"Acreditas nos políticos?"
Aqui poderemos colocar qualquer das respostas anteriores. Escolha a que lhe convier...

Dizem que a democracia é a escolha do povo. O poder do povo. Mas lá porque os gregos chamaram este tipo de esquema de decisão assim, não quer dizer que seja a realidade. Lá porque votamos numa série de políticos, não quer dizer que exerçamos o poder. Só me apetece rir. Pergunto-me,muitas vezes, quem escreveu a nossa Constituição. Foi o povo? Não. Foi colocada à votação do povo? Não. É ensinada na escola? Não. Então que raio de democracia é esta que nos impuseram?

Uma das coisas enraçadas na democracia é o bem da maioria. Mas... se 51% do povo quiser algo que os restantes 49% não queiram, poderemos dizer que existe liberdade? Ao definirmos a nossa república como um "Estado de direito democrático", vulgo democracia (art. 2º da Constituição da República Portuguesa), estamos a contrariar os principios fundamentais da liberdade individual...

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Compaixão e espanto...

Há uns dias atrás, uma notícia chamou-me a atenção. Uma notícia chocante. Decidi esperar uns dias antes de escrever sobre o assunto... esperava que arrefecessem os ânimos. Os meus.

O caso da miúda de 2 anos que morreu após ter sido atropelada 2 vezes, na China.
Vi apenas uma vez. Bastou-me.
Não tenho visto as notícias nos últimos dias. Aproveito essa hora para fazer o jantar. Não que os meus dotes culinários sejam grandes...
Por acaso, naquele dia em que a notícia passou (alguns dias após o acontecimento, diga-se de passagem...), estava a olhar para a TV.

Claro que estamos todos chocados com o atropelo. Onde estavam os pais? Perguntei-me de imediato.

Claro que estamos todos chocados com a insensibilidade dos transeuntes. Onde estavam os pais deles quando foram educados? Perguntei-me de seguida.

A minha indignação vai essencialmente para um país. Um país onde nascer mulher é quase um crime. O desrespeito pela mulher na China é milenar. O desrespeito pelo ser humano é milenar também. Embora Mao tenha tomado o poder na década de 40, fundando a nação hoje conhecida como a República Popular da China, conseguiu completar a des-sensatização total da sua população.

Era mau o que faziam aos pés das meninas, que a partir dos 2 anos de idade tinham-nos enfaixados de modo a terem os dedos metidos para dentro, apenas ficando o maior de fora. Quando as unhas cresciam enfiavam-se na sola dos pés, criando feridas que nunca saravam. Como se não bastasse, usavam pedras para partir os ossos dos pés de modo a "ajudar" a impedir o crescimento dos mesmos. A mulher nunca tirava as faixas dos pés quando estava com o marido, pois o odor pútrido da carne infectada era "desagradável". Cerca dos oito anos de idade, a potencial sogra da potencial futura noiva, no salão onde estariam as famílias reunidas, levantava as saias da menina para examinar os pés. Se não estivessem de acordo com os padrões, isto é, 8 cm no máximo, a megera (nem todas as sogras o são...) largaria a saia e ignoraria a menina, acabando nesse instante com o casamento arranjado socialmente vantajoso. A família da menina seria humilhada, pois tinha sido incapaz de garantir que a barbárie fosse socialmente proveitosa.

Faz-me lembrar a mutilação genital feminina. Mas a diferença principal é que a dor é real desde os 2 anos até morrer. A dor do parto deve ser uma brincadeira ao pé deste acto vil e sem piedade.

Há dias pensava na origem destes actos. Sim. Quem terão sido as almas engenhosas que se lembraram das formas mais brutais de sofrimento a aplicar a outros membros da espécie. Da mesma espécie? Deixo isso para reflectir noutro dia.

Como poderemos nós ficar admirados com a insensibilidade das pessoas na China? O governo chinês decretou o máximo de 1 filho por casal. O resultado foi que muitos casais optaram por ter machos. Suponho que hoje em dia farão abortos depois de uma ecografia, mas muitos resolveram o problema após o nascimento. A miúda vai para o alguidar e o rapaz segue para fazer uma vida de labuta nos campos de arroz ou a fazer camisas para a Nike ou IPads para o Jobs (oops, este já não manda fazer nada...). Ou isso ou são presos por cometerem o crime hediondo de terem mais que 1 filho. Bárbaros estes seres que ousam ter mais que 1... verdadeiros criminosos...

Se uma pessoa é capaz de matar a própria filha, para que há de se importar com uma desgraçada desfeita no meio da rua?

Espanto?

Só a carneirada que vive num mundo cor-de-rosa pode ficar admirada!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Anwar Al-Awlaki

Cidadão dos Estados Unidos da América.

Membro da Al-Qaeda.

Procurado pelos EUA por incitar ao terrorismo. Colocado por estes numa lista de pessoas a abater. Pelo estado americano. Sem direito a julgamento.

Muitas pessoas, talvez a maioria, acha bem que tenha sido assassinado. Poucas pessoas chorarão a sua morte, para além dos seus familiares e seguidores.

Mas... não se pode dizer o mesmo de todos os assassinos?
Mas... não têm todos direito a julgamento?
Mas... será correcto dar poderes a um governo de um país que se intitula democrático e livre para colocar pessoas numa lista de pessoas indesejáveis?

Se bem me recordo, os julgamentos de Nuremberga serviram para julgar alguns dos maiores criminosos que existiram durante a 2ª Grande Guerra. Foram todos julgados, de acordo com critérios internacionais de justiça e direitos humanos. As suas barbaridades foram julgadas. No caso específico do desprezível Al-Awlaki, não foram dadas as mesmas oportunidades. O direito fundamental à defesa de um indivíduo não pode ser simplesmente retirado por pessoas que não foram escolhidas pelo povo para tal efeito. Não que o povo escolha os seus juízes mas há um processo de aprendizagem e de selecção instituídos para estes. Não me recordo de ter lido/visto/ouvido qualquer lei que propunha que, em certas situações, os tribunais não decidiam o destino de um instigador a violência. Digo instigador, cúmplice, etc, mas não cometeu nenhum assassinato. Pelo menos não que se saiba. E foi colocado numa lista de assassinato por um governo que atropelou o mais básico direito de um ser humano. Custa-me definir o sujeito desta forma mas a realidade é que ele era membro desta raça/espécie. Como nós.

E se algum dia dissermos que queremos colocar uma bomba no parlamento para acabar com todos aqueles inúteis sorvedouros do erário público? Tenho certeza que muitos já pensaram nisso... O Estado poderia colocar-nos numa lista também?

Será que eu posso colocar o Sócrates e os restantes políticos nessa lista? Todos os primeiro-ministros que este país já teve, incluindo o actual, tornaram as nossas vidas piores. Endividaram-nos, aumentaram o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, causando a miséria de muitos e subsequente morte. Seja por depressão e posterior suicídio, seja por atrasar os mais idosos na lista de espera de cirurgias por já não serem pessoas produtivas, por permitirem que as empresas/corporações decidam para onde vai o dinheiro (há pessoas por detrás destas grandes corporações e o seu interesse é pessoal, não o bem geral) através dos seus lobbies, etc. Talvez haja quem pense que eu exagero, mas falo de casos reais. Uma tia de uma amiga que recebeu a carta com a data da cirurgia após a sua morte, a vontade do actual PM em privatizar as águas de Portugal, simplesmente o bem mundial mais escasso, e a depressão de muitas pessoas é causada por uma vida de sacrifício inútil.

A depressão atinge cada vez mais pessoas e é fruto das políticas económicas e financeiras dos sucessivos governos. São criminosos. Mas matam devagarinho...

E têm o poder de decidir se eu morro ou vivo? Já o têm, é verdade. Assim o descrevi agora mesmo. Mas pelo menos não é oficial.

Se eu quisesse começar uma revolução, e conseguisse, por exemplo, oito milhões de seguidores, poderia o Estado colocar-me numa lista de pessoas a abater? Se eu misturasse religião nesta revolução, daria mais razões para me abaterem neste país de Estado laico? Quais são os critérios? É necessário que diga que haviam todos de morrer? Dizer que o Sócrates foi o maior criminoso português da nossa história ao provocar muitas mortes por fome e falta de saúde que virão nos próximos tempos de austeridade? Mas ele nem sequer o fez sozinho. Teve a ajuda de muitos, políticos e não só.

Acho que o Sócrates, o Cavaco, o Soares, o Barroso, entre outros, deviam ser julgados. Por crimes. São responsáveis. Mas como somos uns idiotas, também deveríamos ser julgados. Por permitirmos que estes utilizassem o fruto do nosso labor para enriquecerem, eles e os seus compinchas.

Sou contra a pena de morte, por mais jeito que dê. Poupa-se muito dinheiro ao prender sujeitos indignos de serem considerados da espécie humana. Mas estudos também revelam que a maioria dos criminosos violentos foram abusados ou presenciaram directamente abusos violentos quando crianças.

É um ciclo...

Cabe-nos a nós quebrá-lo. Somos o povo. Somos a maioria.

É tempo de acordar do pesadelo e enfrentarmos a realidade.

P.S.: O dito sujeito é cidadão americano. Não é um sujeito estrangeiro. Só para enfatizar este ponto crucial...

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Democracia - o poder do povo!

Democracia, definição de acordo com a Porto Editora:

"sistema político em que a autoridade emana do conjunto dos cidadãos, baseando-se nos princípios de igualdade e liberdade."

Da junção das palavras gregas: 
  • Dêmos - povo, popular
  • Kratos - poder, força
 Temos povo + poder, ou seja, o poder do povo.

Mas a definição do sistema político actual está incompleta sem a palavra "representativa". Democracia representativa e não democracia directa.

Este acrescento tem um enorme significado. De um modo simplista, podemos dizer que não é o poder do povo mas dos representantes eleitos pelo mesmo.

Pensemos nos acontecimentos que envolvem as eleições em Portugal. Para alguém ser eleito primeiro ministro, a Assembleia da República tem de aprovar. Essa assembleia é eleita pelo povo. Mas os seus membros não são escolhidos individualmente. É numa lista que se vota. Mas nem todos os que estão no topo da lista serão necessariamente os que ficarão. Temos um grande exemplo recente do Fernando Nobre, que ao menos teve a ombridade de dizer antes das eleições que não ficaria caso não fosse eleito Presidente da AR. Mas têm havido inúmeros casos de pessoas que fazem parte da lista, pessoas que são mais populares, que depois dos resultados obtidos recusam ficar. O José Sócrates foi um caso.

Quantas pessoas saberão quem nos representa na Assembleia da República? No fundo... ninguém. Na legislatura passada houve uma situação que, no mínimo, podemos considerar caricata. A Inês de Medeiros concorreu pela lista de Lisboa e assim que foi empossada mudou a sua residência oficial para Paris. Mudou o registo pois ela já habitava esse local antes das eleições, tendo apenas dado uma morada de Lisboa para poder entrar na lista por Lisboa. No meu entender, isto consitui fraude. Não só mudou a morada como ainda conseguiu um subsídio para poder ir todos os fins de semana a Paris visitar a família, como ainda deve ter conseguido subsídio por estar longe de casa durante a semana. Não me lembro se foi esse o caso, logo desde já me desculpo se os factos estão errados.

Temos um primeiro ministro que é escolhido por esta AR (embora já soubéssemos quem seria) que concorreu com um programa que a maioria das pessoas não leu (por culpa das mesmas) que tem o poder de nos "gerir".

Portanto, temos um grupo de pessoas que não são nossos representantes de facto mas que nos representam, que apoiam um primeiro ministro que não foi escolhido por nós, com um programa em que não tivemos qualquer tipo de intervenção.

Por falar em programa de governo, já repararam que dizem que tem o apoio de oitenta e tal por cento dos portugueses? Mas se a maioria dos portugueses não sabe sequer o que está no programa, como se pode fazer tal afirmação? Vai para além do acordo com o triunvirato representante das instituições que nos emprestam dinheiro para nos salvar... de nós mesmos? Nunca deixo de ficar pasmado com a ingenuidade das pessoas que pensam que estes "senhores" vieram cá para nos ajudar. Eles vieram ajudar outros. Aqueles que ficariam a "arder" se nós não pagássemos aos "credores".

De volta ao tema. Para existir democracia, as pessoas que nos governam teriam de ser directamente eleitas por nós. Imaginem que davam a um amigo o poder de procuração para vender as vossas casas. Depois descobriam que o amigo tinha passado essa procuração a outro e que este vos vendia a casa, o carro, os electrodomésticos, a propriedade de férias, a autocaravana entre outras coisas de que se lembrem. É o que tem acontecido ao longo destes anos.

O poder do povo... de ser lixado sempre e como bons portugueses de brandos costumes é comer e calar...

sábado, 24 de setembro de 2011

Silêncio!

Deparo-me com frequência com pessoas que são mais inteligente que eu.
Hoje responderam-me:

"Se é lei, só tens de obedecer!"

Eu respondi:

"Se a lei disser que a partir de hoje têm o direito de te explorarem o vácuo na extremidade do teu corpo abaixo do cóccix (não foi bem assim que disse...) responderás o mesmo?"

Resposta da inteligência:

"Se conseguirem aprovar essa lei, que remédio tenho."

Eu tenho remédio. Eu quero ter remédio. E para isso formaria um movimento. Ou dois ou três. Até um partido político. E tenho a certeza que teria mais assinaturas do que as que precisava. E se fosse a eleições com esse argumento, tenho certeza que ganhava.

Claro que não se trata de me irem àquele lugar. Não fisicamente, pelo menos.

Mas o Hittler também não quis matar os judeus no primeiro dia. Foi instigando um xenofobismo gradual. Depois disse aos judeus que os isolaria em guetos para sua própria portecção. Depois delocou-os para compos onde estariam protegidos contra o resto da população xenófoba. Depois colocou-os numa câmara de gás.

"Primeiro vieram buscar os comunistas, e eu não disse nada porque não era comunista.
Depois vieram pelos judeus, e eu não disse nada porque não era judeu.
Depois vieram pelos sindicalistas, e eu não disse nada porque não era sindicalista.
Depois vieram pelos católicos, e eu não disse nada porque era protestante.
Depois vieram por mim e, nessa altura, já não havia ninguém para erguer a voz."

- Martin Niemöller -

O atropelo diário aos direitos de um povo por uma elite governante, financeira ou outra são impostas porque nos calamos.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Indignação

Há alturas em que a vontade é de chorar, mas rimo-nos. Há algo que nos causa uma forte emoção e um mecanismo de defesa entra em acção, porque chorar é sinal de fraqueza. Há uma forte "feminização" hoje em dia na sociedade, onde observa-se que os "homens também choram".

Eu acredito que tem a ver com a sensibilidade de cada um. A capacidade de sentir emoção. Aquela imagem de pessoas a serem assaltadas e ninguém intervém, não vá o Diabo tecê-las, é predominante numa sociedade onde o medo superou a indignação.

O mesmo se passa com a política, onde a sensação geral é de que os políticos são "todos iguais". E ninguém faz nada. Todos estamos à espera do D. Sebastião, qual Robin dos Bosques, saindo por entre as brumas e retirando aos banqueiros e ricos para entregar-nos. O Robin foi o primeiro Marxista, suponho. Terá Karl Marx se inspirado nele? Porque os banqueiros devem ter-se inspirado em D. Sebastião. Eles sabem que não haverá salvador nenhum e mantém-se no limiar do nevoeiro.

O sistema financeiro e económico é de tal forma complexo que nem os catedráticos no assunto conseguem se entender sobre as previsões. Negam o passado aos tolinhos que os alimentam e prosseguem nas suas mansões, estilo Napoleão, aquele porco que negociava com os humanos no Triunfo dos Porcos.

Todos somos iguais!
Mas uns são mais iguais que os outros!

O Marxismo, na sua essência, poderia considerar-se como algo de bom - todos temos os mesmos direitos. Aquelas coisas abstractas a que me referia aqui, pecam por várias razões, a menor sendo que quem os definiu nunca foi o povo, aqueles a quem são atribuídos. Mas o Marxismo e o consequente Comunismo, são apenas uma outra face do Capitalismo - ambos distribuem o dinheiro conforme lhes apetece. Quer o povo queira, quer não.

Em 1976, altura em que foi votada a nossa Constituição, reuniu-se a Assembleia Constituinte e aprovou-a. O primeiro artigo é o seguinte:

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

Quando entrámos para a CEE, perdemos parte da nossa soberania. Foi feito algum referendo? Não.

Logo, não sabemos se foi a vontade popular. Sabemos, isso sim, que não foi um empenho na construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Livre? Submissão da vontade dos portugueses ao dictat europeu não é liberdade da República soberana. Justa? Se ao menos a nossa justiça se parecesse com a de alguns países europeus, seria positivo. Solidária? Perguntem ao Sarkozy e à nossa amiga Frau Merkel.

Este emaranhado de observações leva-me a uma conclusão:

Os tolinhos que compõe o povo, isto é, NÓS, somos completamente ultrapassados pelos sucessivos acontecimentos que dizem respeito à nossa vida. Não somos livres, não somos alvos de justiça nem de solidariedade. Pisam-nos sucessivamente. Os média são o braço direito do poder político/económico, adormecendo o leão, enquanto o vulgo chacal se enfarta na presa que não matou.

Será que não há outra forma de vivermos em sociedade?

Indignemo-nos!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

George Carlin

Estava a ver alguns vídeos de um grande comediante americano, George Carlin, que morreu em 2009 se não estiver a ser traído pela memória.

Há alturas, no seu trabalho mais recente, que parece mais um crítico social do que um comediante. Um cínico, diria eu. Tal como eu, permitam-me a modéstia. Ou ausência dela...

Aquilo que me fez vir aqui escrever, algo que não fazia há algum tempo, foi uma das "piadas" dele. Sobre direitos. Aqueles que nós temos. Ou não temos.

Ele diz que nós só temos duas possibilidades: ou temos direitos infinitos, ou não temos nenhum. O que fará a Alemanha ter 29 direitos na constituição e a Suíça ter 6? Ou os americanos terem 10? God given rights - diz ele de forma jocosa. Direitos recebidos de Deus, para os mais desconhecedores da língua inglesa. Será Deus um mau aluno a matemática? Será Ele um ser infinitamente brincalhão ao atribuir direitos diferentes aos vários países? Qual terá sido o Seu critério? Notem que hoje apetece-me seguir as imposições linguísticas da Igreja ao colocar a letra maíscula nos pronomes divinos...

A resposta do cínico é que passa tudo por uma forma de controlo. Parece-me que ele tem razão. Como em muita coisa que ele escreveu/disse. Ao colocarmos direitos na constituição, estamos a limitar aquilo a que temos direito. Não deveria ser ao contrário? Colocarmos aquilo que não podemos fazer? E deixarmos a cada um a decisão moral dos nossos actos?

Isto leva-me a um problema social muito grave: a falta de civismo. A compreensão de respeito mútuo podería ser ensinado na escola. Aulas de civismo. Sem o aspecto moral, que só prejudicaria estas lições. A moral é algo que leva ao preconceito. Logo... evitável.

Porque considero a a falta de civismo como algo muito grave? Porque é a razão de todos os males que se perpetuam por esse mundo fora. Vejamos:

  • Uma pessoa cívica jamais roubaria outro;
  • Não mentiria;
  • Não mataria;
  • Não enganaria;
  • Não condenaria outros por terem uma opinião diferente;
  • Não abusaria da boa vontade alheia;
  • Não olharia para o lucro como o principal motivo de interacção com outros.
Acho que acabei de descrever os políticos...

Deixo-vos com um link do vídeo onde poderão visualizar este Homem, que apesar de ser ateu, tentou trazer algumas lições verdadeiramente divinas!


Nota: A tradução não é a melhor mas foi o que consegui encontrar...

sábado, 6 de agosto de 2011

Pobreza

Os EUA são o país mais rico do mundo. Numa lista das 100 maiores economias mundiais, tendo em conta o PIB, 49 eram países e 51 eram corporações. Dessas 51 corporações, 47 estavam sediadas nos EUA. É significativo. The land of the free and the brave! Pelos vistos, compensa ter o espírito norte americano... será?
Nos censos de 2010, os EUA revelaram ter mais de 43 milhões de pessoas que vivem abaixo do limiar da pobreza. Ou seja, mais de 4 vezes a população portuguesa. O equivalente a uma Espanha. Mais de metade da Alemanha. 9 Noruegas. 86 Luxemburgos. 135 Islândias.

Um país que gasta cerca de 1 bilião de dólares (1 trilião americano), ou seja, cerca de 6 vezes o nosso PIB em despesa militar, por ano, tendo mais de 700 bases militares espalhadas pelo mundo.

Um país que gastou em 2007 mais de 160 mil milhões em contra-terrorismo internacional e apenas 3,5 mil milhões em investigação de doenças coronárias que causam 450 mil mortes por ano. Devido ao terrorismo, morreram menos de 4 mil americanos em todo o mundo desde o 11 de Setembro 2001.

Desproporcionado?

Se utilizarmos o quinhão do orçamento de estado Norte Americano para a defesa e dividirmos pelos pobres, cada um destes receberá mais de 22 mil  USD por ano. Quantos portugueses recebem tanto?

Haverá necessidade de tantos pobres?

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Terrorismo

"É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que à ponta da espada"
William Shakespear

Nesta sociedade, onde a maioria das pessoas vivem preocupadas com o seu emprego, os seus filhos, os seus amigos, a sua casa, o seu carro, o seu computador, as suas contas, a sua segurança, o seu telemóvel, as suas férias, os seus programas de TV, a sua internet, o seu Facebook, o seu Twitter, o seu Skype, e todas as outras coisas importantes do seu quotidiano, passa despercebido tudo o que o Estado nos retira.

Há uma frase muito conhecida - paga o justo pelo pecador - que é muito demonstrativa da reles intervenção do estado na vida íntima de cada um. Via agora mesmo uma notícia sobre uma praia em França onde se proibiu fumar. Como fumador, esta lei repugna-me. Tenho certeza que a moda vai pegar. A razão que o responsável da localidade francesa é a de que as pessoas deixam as beatas na praia. Já tentaram tudo (dizem eles!) para que tal deixasse de acontecer, desde entregar cinzeiros a panfletos. Eu sou daqueles que procura um cinzeiro imediatamente quando chego a qualquer local, seja esplanada ou praia, não atiro beatas pela janela do carro (admito aqui a mea culpa), e repugnam-me as pessoas que não o fazem. Trata-se do nosso ambiente e deve ser preservado. Detesto a estupidez de muitos, como a da senhora com a criancinha no carrinho em plena 5th Avenue, Nova Iorque, que se virou para o meu pai que acendia um cigarro e perguntou-lhe - "Don't you care about the children?". Porque deverei ser prejudicado pelas pessoas que são idiotas e desrespeitosas? Acrescento, também, que não conheço nenhuma criança que alguma vez tenha adoecido por ter apanhado uma beata na praia. Pode ser falha minha...

Gostava de saber como pretendem impedir as pessoas de fumarem nessa praia. Terão lá um polícia? Irão multá-las? É que para ter uma medida proibitiva destas convém haver quem a faça cumprir. E se têm que ter alguém para a fazer cumprir, também poderiam ter para impedir as pessoas de sujar, em vez de proibir. Acrescento aos fumadores as pessoas que deixam os caroços de fruta e sacos de plástico e guardanapos e outros tantos objectos poluidores. Qual a diferença para a criança entre apanhar caroços e beatas? Também vão proibir as pessoas de comer na praia?

Como este exemplo poderia dar outros. A implementação de video-vigilância em locais públicos que não apanham praticamente ninguém (só nos filmes é que conseguem!) mas retiram-nos a liberdade, o estacionamento pago nas cidades que não evita que se tragam viaturas mas enchem os bolsos de empresas privadas e câmaras e agora até já falam de portagens na IC19 e CRIL, entre muitas outras que poderia exemplificar aqui.

A minha conclusão é que se estão borrifando para as crianças. Querem é o dinheirinho das multas! E nós comemos e calamos.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ficção científica vs. realidade

Sempre fui uma pessoa muito interessada na leitura. Comecei por ler os clássicos da Enid Blyton - eu considero-os clássicos, até porque nenhum jovem sabe quem são The Famous Five ou The Secret Seven (apenas conhecem o Noddy) - seguido dos livros que o meu pai tinha da Biblioteca dos Rapazes, e comecei a entrar pelo reino da ficção científica, na altura com os livros de bolso da Europa América. Mais ou menos na altura em que as minhas ideias, os meus conceitos, se separam definitivamente das dos meus pais. O meu pai insistia que eu lesse os livros da literatura portuguesa, mas eu resistia-lhe. Daí passei para um género ainda mais incompreensível para o meu pai - o fantástico.

Estes géneros são fortíssimos no que toca a mundos paralelos, mundos fantásticos, repletos de seres que nunca existiram mas, acima de tudo, com uma forte reprodução dos autores de sociedades iguais e potenciais à nossa realidade actual. A componente de crítica social é brutal, em muitos destes autores. Com e sem humor, muitos levam-nos aos problemas intrínsecos da sociedade e permitem-nos visualizar novas possibilidades de um modo afastado e despreconceituado. Não sendo contra a tradição em si, sou contra o que a mesma simboliza. Se lermos Eça, Camilo, Garrett, entre outros, chegamos à brilhante conclusão que nada mudou verdadeiramente. Tanto na forma da sociedade interagir como na sua forma de "evoluir". Já a minha mãe me dizia, que bastava olharmos para os Romanos e os Gregos para ver o ciclo de expansão e implosão dos impérios. Os "velhos" também têm razão! Mas resistem fortemente a tudo o que é novidade, principalmente num momento da história sem igual em que a tecnologia avança vertiginosamente. E não avança mais rapidamente porque de outro modo não se tiraria partido da rentabilidade. Pessoas da minha geração têm dificuldade em perceber as vantagens de um Blue-Ray perante o Compact-Disk. Há tecnologia que tornaria os nossos PC's modernos em pedaços de sucata, mas não se tiraria rendimento dos que gostam de comprar os novos gadgets! Além de nem sequer haver a necessidade de máquinas tão potentes. Necessidades que os mesmos criadores destes processadores potentíssimos se certificam que são criadas para tornarem as actuais obsoletas. Quem não se recorda do velhinho Spectrum 16K com o mono-gravador ligado por um cabo? Risível perante a actualidade.

Tendo chegado aos entas, onde se espera que a componente física do meu corpo comece a se deteriorar a passos largos, continuo a ler livros de fantástico, a acreditar que podemos viajar na forma astral, que a humanidade ainda tem um futuro promissor. Basta que queiramos. Basta que nos libertemos dos preconceitos e nos lancemos numa descoberta verdadeira do que realmente queremos. Ir à génese dos problemas que nos afligem como sociedade. Perceber qual o pecado original desta sociedade. Só nessa altura poderemos construir algo que valha mesmo a pena. A juventude de espírito não é um problema. Sonhar não é um problema. Agarrarmo-nos a tradições só porque não conhecemos outra coisa talvez seja. Encarar a novidade é o caminho a seguir, e por isso acredito fortemente nos jovens de hoje. Vêem aquilo que nós os "velhos" não conseguimos...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Esperança de vida!

Ainda na senda da saúde, há um factor que merece uma atenção especial. Não dos políticos nem da comunicação social, é claro. Do resto da população, apenas. Estudos feitos sobre a esperança de vida em países que foram "ajudados" pelo FMI, mostram que a esperança de vida decresce entre cinco a dez anos. Uma das causas que avançam é o stress. Essa palavra estrangeira que adaptámos ao nosso léxico de uma forma absoluta. Até os mais incultos sabem o que quer dizer.

O que pode nos tirar anos de vida? Austeridade. Austeridade porquê? Porque somos idiotas. Damos a meia dúzia de pessoas o poder de decidirem sobre o nosso futuro e eles criam o nosso stress. E encolhemos os ombros e dizemos - não há nada que se possa fazer. Os gregos (os anarquistas, dizem os entendidos jornalistas) manifestam-se. Levam umas pauladas. Mas continuam a manifestar-se. E nós? Que fazemos nós? Temos medo das pauladas. Ou, pior ainda, temos medo de colocar a cabeça de fora do rebanho, não vá acontecer olharem para nós.

Eu já questionei várias pessoas sobre aquilo que acho errado nesta sociedade. Para meu espanto, muitos até concordam comigo. Mas todos dizem o mesmo - é uma utopia. Eu sei que não é. Mas quando o horizonte temporal poderá ser longo, quando a luta poderá ser árdua, quando se terá de abdicar de certos conceitos instituídos, quando se terá de trabalhar por um bem geral e não só individual, quando o medo do desconhecido é grande, todos referem esse termo. Algo inalcançável. Assim se justifica o comodismo.

Utópico.

Temos de mudar muita coisa? Sim.

Ter como objectivo uma sociedade não egoísta não é mau. É difícil? Não. No fundo não é. Se eu colocar à disposição de todos os recursos do planeta, acabar com a fome, tornar o mundo um local verde (não me refiro ao Sporting) e co-habitado com o restante reino animal, o egoísmo diminuirá. Se eu retirar o conceito de propriedade da sociedade, acabam-se as lutas pela posse. Se eu retirar o dinheiro, acabam 95% dos crimes.

Se tudo isto acontecer, desaparecem a maioria das injustiças.

Se eu disser que podemos trabalhar apenas dez anos e depois reformar-nos, é mau? Talvez até menos. Não fiz as contas.  Sem dinheiro, a burocracia desaparece quase por completo. Calcula-se que 80% do trabalho é no sector dos serviços, no mundo ocidental. Calcula-se, também, que 50% do trabalho é burocrático.

Quase todos vimos as máquinas que substituem as pessoas. O quiosque de check-in no aeroporto, a máquina de chocolates ou tabaco. A automação chegou a tal ponto evolutivo que, no processo produtivo, as pessoas deixaram de ser necessárias. Uma imagem antiga, do pessoal da aviação, é aquela do piloto e do cão no cockpit - o cão para o impedir o piloto de mexer e o piloto alimentar o cão. É uma realidade. Um avião pode ser controlado sem necessidade de pilotos. Perguntem aos militares americanos! Os comboios, em muitos países, não têm maquinistas. Ou têm, mas não precisam. O "maquinista" é quem verifica os bilhetes dos passageiros. As portagens já são "automáticas". Os empregos são cada vez menos.

"Quem quer viver num mundo onde não seja necessário trabalhar?" - perguntei a várias pessoas.
"E o que fazemos, então??" - responde a maioria.
"O mesmo que irão fazer quando se reformarem!"
"Pois..."

Temos tão pouca imaginação que a maioria sente-se culpada por querer viver sem trabalhar. Fomos inculcados com um sentimento de culpa atroz, vil. Trabalho é algo que custa. Se não custar, é porque não é trabalho. Se eu quiser tratar do meu jardim, não estou a trabalhar. Estou a entreter-me. Se estiver a ler, não estou a trabalhar. Se eu estiver a viajar, não estou a trabalhar. Se tirar fotografias. Se estiver a tomar conta dos meus pais ou avós. Se educar os meus filhos (passamos a ter tempo para o fazer!). Se gostar de fazer investigação. Eu queria ser electricista, entre outras coisas, quando era miúdo. Adoro quando familiares me pedem para arranjar qualquer coisa - desde mobiliário a torneiras! E até tenho jeito! Trabalho? Se tiver que o fazer todos os dias...

Termos tempo para meditar é mau? Termos tempo para fazer exercício físico é mau? Termos tempo para conversarmos e estar com amigos e família é mau? Estarmos na praia e apanhar sol é mau? Podia continuar esta lista por dias, semanas, e não a terminaria.

Um mundo em que fazemos o que queremos e não passamos fome... é mau?