quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Mundo real ou artificial?

Quantos de nós se perguntam regularmente o que fazemos aqui? O que realmente fazemos neste mundo? Porque nascemos neste planeta, neste local, nesta hora, neste seio familiar?
Porque somos abusados ou ignorados?
Porque nascemos no berço de ouro ou na carroça do lixo a caminho do aterro?
Será que poderíamos ter evitado alguns dos obstáculos que enfrentámos?
Será que os obstáculos eram imaginação nossa ou uma realidade exterior?

Poucos são os que realmente param para pensar nestas "realidades". Será porque não são seres curiosos? Não creio. Acho que vivemos demasiado absorvidos em trivialidades. Trivialidades tais como a educação adequada para competirmos nesta sociedade. Sociedade em que só é possível sobreviver se ganharmos dinheiro. No money, no funny!

Já tenho mencionado a diferença entre o físico e o abstracto. Há uma coisa que tenho observado, que é a dificuldade que uma criança tem de compreender o conceito "tempo". Para as crianças, impacientes e curiosas, estarmos a duas horas ou duas semanas do nosso destino é igual.

O conceito de grupo é algo abstracto. Não é palpável. Não conseguimos abraçar um grupo ou tocar-lhe porque não existe. Conseguiremos tocar cada unidade, até todas ao mesmo tempo, mas nunca o grupo. Quem lhe chamou de grupo fomos nós. Juntámos várias unidades e facilitámos a nossa vida, atribuindo-lhe um nome. Mas esta atribuição é usada para confundir a realidade com a imaginação. Quando discutimos conceitos como sociedade,  as suas vantagens e desvantagens esquecemos, muitas vezes, qual o objectivo principal - o indivíduo. Retiramos ao indivíduo a liberdade de decisão e entregamo-la ao grupo. A hipocrisia instala-se e, consoante a vontade do grupo maior, decisões são tomadas que atropelam a liberdade de escolha do indivíduo. São exemplos notórios todos os que envolvem política, religião, moral, clubismo, etc. Quem definiu quem era o líder? Como atingiu o líder essa posição?

Exemplos abundam da estupidez do ser humano e da sua sociedade. Porque se casam as pessoas? Porque se definiu que, nesta cultura ocidental, que os casamentos devem ser monogâmicos? Quem define se pessoas do mesmo sexo se casam? Se podem adoptar? Quando assisto a discussões sobre estes assuntos presencio, de parte a parte, uma série de argumentos fossilizados, repetidos, nitidamente não racionalizados pelos indivíduos que os regurgitam. Em muitos textos sagrados existe a expressão "livre arbítrio". Mas será condenado ao sofrimento eterno quem tiver o descaramento de o seguir.

"Tens a liberdade de escolher o que vais fazer, mas se não for aquilo que te dizemos que é o correcto arderás no Inferno para sempre!"

Que frase tão comum e ao mesmo tempo tão arrepiante.

Se eu decidir fazer algo que não interfere com a liberdade de outros, que é que eles têm a ver com essa mesma decisão? A tentação de imposição de uma forma de viver de um grupo maior sobre um mais pequeno é, aparentemente, demasiado grande para que esse deixe este em paz... Aqui entro numa teoria que tenho - as pessoas são tão tristes na vidinha que escolheram que não perdem a oportunidade de arrastarem os mais felizes para o seu charco de lágrimas. Mais comummente conhecido como lodaçal.

Se eu decido que quero ter 20 mulheres e elas todas me quiserem, que têm os outros a ver com isso? Nada? Mas eu sou um criminoso se o fizer. Mesmo que a lei me permita, sou olhado e ostracizado pelo grupinho dos invejosos que estão casados com o cônjuge amado que lhes azucrina a tempo inteiro... Portanto, sou culpado de ser feliz na minha opção - condenado a arder no Inferno para "todo o sempre" ao mesmo tempo que os críticos já ardem nesta vidinha triste...

Se uma mulher quiser ter um parceiro diferente todos os dias, é uma vaca. E aqui estou a ser bastante moderado. Mas se um homem o fizer, será um garanhão. Ou um touro, se quiserem manter a analogia.  Faz sentido? Infelizmente continua a fazer muito sentido, inclusive para muitas mulheres. A única observação que eu faço é - que é que eu ou os outros têm a ver com isso? Desde que essa mulher não os force ao vil acto que temos nós a ver com isso? Chama-se meter o bedelho. Que é uma coisa feia. A não ser que seja para impedir que alguém atinja a felicidade individual. Nesse caso temos todo o direito de interferir. Ou será que não?

Estes são pequenos exemplos de uma decisão abstracta. Se discordamos é porque está mal. Se discordamos vamos impor a decisão do grupo maior. Para os mais desatentos em relação à opinião do autor deste texto chamo a atenção ao facto de eu estar a utilizar ironia.

Não haveriam guerras se todos se envolvessem só com o que lhes diz respeito. Estes são os momentos em que o egoísmo deveria existir. Só nos devíamos preocupar connosco e a nossa vida.  Desde que não prejudiquemos os outros. Esta parte é melhor incluir não vá alguém pensar que eu estou a encorajar assassinatos de pessoas que não gostamos ou roubar os que têm só porque nós não somos capazes de ter. Quando uma decisão de um Governo, mesmo que eleito legalmente, mesmo que seja para apanhar os prevaricadores, prejudica a liberdade individual, ela é errada. Aqueles que não se importam de ser filmados ou parados pela polícia numa operação de trânsito porque não têm nada a esconder, prejudicando a liberdade individual, deveriam pensar que é o vosso dinheiro que está a ser usado para vos controlar. Lembrem-se que há documentos secretos que não podem ser revelados ao povo porque prejudicaria a segurança nacional. Só não sabemos de quem é essa segurança pois não temos acesso aos ditos. Negociatas secretas, talvez... e não são para nosso bem...

Tanta legislação que já foi produzida e no entanto somos obrigados a conhecê-la toda. Ignorância da lei não é justificação para não a cumprirmos. Até os que não sabem ler não podem advogar o desconhecimento das regras. Vi um filme/documentário do Aaron Russo, um cineasta e activista político Norte Americano, onde ele afirmava que a profusão de legislação Americana era de tal ordem que levaria a qualquer cidadão do país cerca de 3 milhões de anos para a ler toda. MAS! Não pode alegar desconhecimento da lei ou é criminalizado. Qualquer dia decidem por nós que cor de cuecas devemos usar. E ai de quem prevarique!

Eu não quero que o Estado decida o que eu devo comer ou vestir. O que devo fazer com o meu tempo. Não admito a ingerência do Estado na minha vida. Eu sou um indivíduo que quer ser livre para tomar as suas decisões. Eu quero que não me escondam nada para que eu possa fazer as minhas escolhas da forma mais informada possível. Num país democrático e livre, todos temos esse direito.

Eu não defendo o conceito abstracto "para o bem da maioria". Eu sou um realista e quero que não me chateiem!

1 comentário:

Anónimo disse...

raios parta, éra nisso que eu votava