terça-feira, 15 de novembro de 2011

Constituição?! Para quê?!

Artigo 7.º
(Relações internacionais)

1. Portugal rege-se nas relações internacionais pelos princípios da independência nacional, do respeito dos direitos do homem, dos direitos dos povos, da igualdade entre os Estados, da solução pacífica dos conflitos internacionais, da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados e da cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade.

2. Portugal preconiza a abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos, bem como o desarmamento geral, simultâneo e controlado, a dissolução dos blocos político-militares e o estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.


Mas que raio... esta Constituição da República Portuguesa diz que os nossos governantes são todos criminosos...

Ora vejamos:

"Portugal rege-se (...) pelos princípios da independência nacional(...)" e "(...) da não ingerência nos assuntos internos dos outros Estados." Será assim que o Saddam Hussein e o Muammar Kadhafi terão pensado? Nah... eles não leram a Constituição da República Portuguesa... e a verdade é que nós não mandámos forças militares para esses países. Armas são outra coisa e permissões aos americanos para usarem a base das Lajes também o são... mas... ah! Já sei! O princípio de auxílio que prestámos à destruição das infra-estruturas desses países prende-se com o respeito pelos "(...) direitos do homem, dos direitos dos povos(...)" e com a "(...) cooperação com todos os outros povos para a emancipação e o progresso da humanidade." Eles estavam emancipados, mas não progrediam... pelo menos de acordo com o Ocidente!

Claro está que "(...) os princípios (...) da solução pacífica dos conflitos internacionais (...)" só são possíveis quando existem esses conflitos. Que até à data de invasão do Iraque pelas forças internacionais, não havia. Como a única ajuda que prestámos foi a de deixar os americanos usarem as Lajes, não rompemos nenhum princípio da nossa Constituição. Será?

Mas... que dizer do facto de "Portugal preconiza a abolição do imperialismo(...)" americano? E "(...) de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos."?
Será que ir atrás do petróleo e outros recursos de outros países através de invasões encobertas sob a desculpa de armas não existentes, ameaças não existentes, mentiras sem qualquer tipo de pudor, não poderá ser considerado como formas de exploração, agressão e domínio imperialista?

Mas... se não participámos em nada disso... pelo menos assobiámos para o lado enquanto as coisas se passavam. E que dizer do triste espectáculo de Durão Barroso que foi premiado com a presidência da Comissão Europeia...

Mas... se nós preconizamos o fim de qualquer tipo de colonialismo e imperialismo, como podemos permitir o Tratado de Lisboa e a respectiva ingerência nos nossos assuntos? A Constituição diz, no artigo 1.º, que somos uma República soberana... quer se deva dinheiro ao exterior ou não.

Se a República endividou-se, tem de pagar. Isto é um assunto aberto a discussão, pelo menos para mim, mas vamos partir do princípio que é verdade. Aterrorizaram-nos com o fim do mundo se não pagarmos. Nunca mais vamos poder pedir dinheiro emprestado lá fora. Ou, pelo menos, durante bastantes anos ninguém nos quererá emprestar. Não estou a ver nenhum problema com isso... se não nos emprestarem vamos ter que viver com o que temos. Que é o que sempre deveríamos ter feito. Se queremos algo que não produzimos, temos duas formas de o conseguir - ou passamos a produzir ou trocamos com outros que queiram algo que nós produzimos em excesso. Matemática básica. Vendemos aos outros o que temos em excesso ou não queremos e compramos o que queremos, desde que o saldo assim o permita. Isto é algo que sempre me fez confusão - o deficit. Todos os anos, em Outubro, apresentam-se os orçamentos com uma valor previsto de perda. A discussão dos analistas e dos políticos é se a perda é grande ou pequena. Mas nem sequer colocam em causa o facto de ser uma perda. Isto é algo que acontece em todos os países. Leva-me a acreditar que deve haver um país escondido algures que deve ter um superavit tremendo, sendo o somatório de todos os deficits dos outros. Claro que me dirão que são os privados que emprestam o dinheiro e não uma troca entre os países... então... os privados estão sempre a ganhar no que toca a ficar com o dinheiro de todos?? Os privados que serão instituições financeiras ou particulares que conseguem comprar países?? Os tais 1%? Hmmm...

Mas... se são os privados que ficam agarrados a um investimento mal feito (uma dívida de um país que tem deficits todos os anos desde que existe não será concerteza um bom investimento) o que querem o FMI e o BCE e a Merkel e o Sarkozi? Ingerirem-se nos nossos assuntos?? Mas se a Alemanha e a França foram os primeiros a não cumprirem o pacto de estabilidade do Euro e ninguém se importou... porque não ficámos nós com uma parcela da Alemanha ou da França nessas alturas? Não seria parecido com o que nos estão a fazer agora? É que o dinheiro que devemos não é aos alemães. É aos bancos ou especuladores que deram um tiro nos pés. A não ser que... será? Os políticos estão na cama com os especuladores?? Nah! Não acredito! Não pode ser!!

Não podemos estar a sofrer medidas de austeridade brutais porque compramos, entre muitas outras coisas, submarinos aos alemães! Não será possível! Será??

Estou com dor de cabeça. Há anos que me pergunto se podemos criminalizar quem nos colocou nesta posição. Responsabilizar quem erra. Respondem-me que se castigam os políticos nas eleições. Só mesmo quem tem o rabinho preso é que pode responder assim. Isso ou é um otário. Nome vulgarmente dado a um idiota sem ideias próprias. Vulgo povo. Essa massa disforme que não acredita na sua força, no seu poder, na sua demo kracia.

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