terça-feira, 11 de outubro de 2011

Anwar Al-Awlaki

Cidadão dos Estados Unidos da América.

Membro da Al-Qaeda.

Procurado pelos EUA por incitar ao terrorismo. Colocado por estes numa lista de pessoas a abater. Pelo estado americano. Sem direito a julgamento.

Muitas pessoas, talvez a maioria, acha bem que tenha sido assassinado. Poucas pessoas chorarão a sua morte, para além dos seus familiares e seguidores.

Mas... não se pode dizer o mesmo de todos os assassinos?
Mas... não têm todos direito a julgamento?
Mas... será correcto dar poderes a um governo de um país que se intitula democrático e livre para colocar pessoas numa lista de pessoas indesejáveis?

Se bem me recordo, os julgamentos de Nuremberga serviram para julgar alguns dos maiores criminosos que existiram durante a 2ª Grande Guerra. Foram todos julgados, de acordo com critérios internacionais de justiça e direitos humanos. As suas barbaridades foram julgadas. No caso específico do desprezível Al-Awlaki, não foram dadas as mesmas oportunidades. O direito fundamental à defesa de um indivíduo não pode ser simplesmente retirado por pessoas que não foram escolhidas pelo povo para tal efeito. Não que o povo escolha os seus juízes mas há um processo de aprendizagem e de selecção instituídos para estes. Não me recordo de ter lido/visto/ouvido qualquer lei que propunha que, em certas situações, os tribunais não decidiam o destino de um instigador a violência. Digo instigador, cúmplice, etc, mas não cometeu nenhum assassinato. Pelo menos não que se saiba. E foi colocado numa lista de assassinato por um governo que atropelou o mais básico direito de um ser humano. Custa-me definir o sujeito desta forma mas a realidade é que ele era membro desta raça/espécie. Como nós.

E se algum dia dissermos que queremos colocar uma bomba no parlamento para acabar com todos aqueles inúteis sorvedouros do erário público? Tenho certeza que muitos já pensaram nisso... O Estado poderia colocar-nos numa lista também?

Será que eu posso colocar o Sócrates e os restantes políticos nessa lista? Todos os primeiro-ministros que este país já teve, incluindo o actual, tornaram as nossas vidas piores. Endividaram-nos, aumentaram o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, causando a miséria de muitos e subsequente morte. Seja por depressão e posterior suicídio, seja por atrasar os mais idosos na lista de espera de cirurgias por já não serem pessoas produtivas, por permitirem que as empresas/corporações decidam para onde vai o dinheiro (há pessoas por detrás destas grandes corporações e o seu interesse é pessoal, não o bem geral) através dos seus lobbies, etc. Talvez haja quem pense que eu exagero, mas falo de casos reais. Uma tia de uma amiga que recebeu a carta com a data da cirurgia após a sua morte, a vontade do actual PM em privatizar as águas de Portugal, simplesmente o bem mundial mais escasso, e a depressão de muitas pessoas é causada por uma vida de sacrifício inútil.

A depressão atinge cada vez mais pessoas e é fruto das políticas económicas e financeiras dos sucessivos governos. São criminosos. Mas matam devagarinho...

E têm o poder de decidir se eu morro ou vivo? Já o têm, é verdade. Assim o descrevi agora mesmo. Mas pelo menos não é oficial.

Se eu quisesse começar uma revolução, e conseguisse, por exemplo, oito milhões de seguidores, poderia o Estado colocar-me numa lista de pessoas a abater? Se eu misturasse religião nesta revolução, daria mais razões para me abaterem neste país de Estado laico? Quais são os critérios? É necessário que diga que haviam todos de morrer? Dizer que o Sócrates foi o maior criminoso português da nossa história ao provocar muitas mortes por fome e falta de saúde que virão nos próximos tempos de austeridade? Mas ele nem sequer o fez sozinho. Teve a ajuda de muitos, políticos e não só.

Acho que o Sócrates, o Cavaco, o Soares, o Barroso, entre outros, deviam ser julgados. Por crimes. São responsáveis. Mas como somos uns idiotas, também deveríamos ser julgados. Por permitirmos que estes utilizassem o fruto do nosso labor para enriquecerem, eles e os seus compinchas.

Sou contra a pena de morte, por mais jeito que dê. Poupa-se muito dinheiro ao prender sujeitos indignos de serem considerados da espécie humana. Mas estudos também revelam que a maioria dos criminosos violentos foram abusados ou presenciaram directamente abusos violentos quando crianças.

É um ciclo...

Cabe-nos a nós quebrá-lo. Somos o povo. Somos a maioria.

É tempo de acordar do pesadelo e enfrentarmos a realidade.

P.S.: O dito sujeito é cidadão americano. Não é um sujeito estrangeiro. Só para enfatizar este ponto crucial...

1 comentário:

Bê disse...

Pois é...