terça-feira, 6 de setembro de 2011

Indignação

Há alturas em que a vontade é de chorar, mas rimo-nos. Há algo que nos causa uma forte emoção e um mecanismo de defesa entra em acção, porque chorar é sinal de fraqueza. Há uma forte "feminização" hoje em dia na sociedade, onde observa-se que os "homens também choram".

Eu acredito que tem a ver com a sensibilidade de cada um. A capacidade de sentir emoção. Aquela imagem de pessoas a serem assaltadas e ninguém intervém, não vá o Diabo tecê-las, é predominante numa sociedade onde o medo superou a indignação.

O mesmo se passa com a política, onde a sensação geral é de que os políticos são "todos iguais". E ninguém faz nada. Todos estamos à espera do D. Sebastião, qual Robin dos Bosques, saindo por entre as brumas e retirando aos banqueiros e ricos para entregar-nos. O Robin foi o primeiro Marxista, suponho. Terá Karl Marx se inspirado nele? Porque os banqueiros devem ter-se inspirado em D. Sebastião. Eles sabem que não haverá salvador nenhum e mantém-se no limiar do nevoeiro.

O sistema financeiro e económico é de tal forma complexo que nem os catedráticos no assunto conseguem se entender sobre as previsões. Negam o passado aos tolinhos que os alimentam e prosseguem nas suas mansões, estilo Napoleão, aquele porco que negociava com os humanos no Triunfo dos Porcos.

Todos somos iguais!
Mas uns são mais iguais que os outros!

O Marxismo, na sua essência, poderia considerar-se como algo de bom - todos temos os mesmos direitos. Aquelas coisas abstractas a que me referia aqui, pecam por várias razões, a menor sendo que quem os definiu nunca foi o povo, aqueles a quem são atribuídos. Mas o Marxismo e o consequente Comunismo, são apenas uma outra face do Capitalismo - ambos distribuem o dinheiro conforme lhes apetece. Quer o povo queira, quer não.

Em 1976, altura em que foi votada a nossa Constituição, reuniu-se a Assembleia Constituinte e aprovou-a. O primeiro artigo é o seguinte:

Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

Quando entrámos para a CEE, perdemos parte da nossa soberania. Foi feito algum referendo? Não.

Logo, não sabemos se foi a vontade popular. Sabemos, isso sim, que não foi um empenho na construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Livre? Submissão da vontade dos portugueses ao dictat europeu não é liberdade da República soberana. Justa? Se ao menos a nossa justiça se parecesse com a de alguns países europeus, seria positivo. Solidária? Perguntem ao Sarkozy e à nossa amiga Frau Merkel.

Este emaranhado de observações leva-me a uma conclusão:

Os tolinhos que compõe o povo, isto é, NÓS, somos completamente ultrapassados pelos sucessivos acontecimentos que dizem respeito à nossa vida. Não somos livres, não somos alvos de justiça nem de solidariedade. Pisam-nos sucessivamente. Os média são o braço direito do poder político/económico, adormecendo o leão, enquanto o vulgo chacal se enfarta na presa que não matou.

Será que não há outra forma de vivermos em sociedade?

Indignemo-nos!

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