terça-feira, 2 de agosto de 2011

Ficção científica vs. realidade

Sempre fui uma pessoa muito interessada na leitura. Comecei por ler os clássicos da Enid Blyton - eu considero-os clássicos, até porque nenhum jovem sabe quem são The Famous Five ou The Secret Seven (apenas conhecem o Noddy) - seguido dos livros que o meu pai tinha da Biblioteca dos Rapazes, e comecei a entrar pelo reino da ficção científica, na altura com os livros de bolso da Europa América. Mais ou menos na altura em que as minhas ideias, os meus conceitos, se separam definitivamente das dos meus pais. O meu pai insistia que eu lesse os livros da literatura portuguesa, mas eu resistia-lhe. Daí passei para um género ainda mais incompreensível para o meu pai - o fantástico.

Estes géneros são fortíssimos no que toca a mundos paralelos, mundos fantásticos, repletos de seres que nunca existiram mas, acima de tudo, com uma forte reprodução dos autores de sociedades iguais e potenciais à nossa realidade actual. A componente de crítica social é brutal, em muitos destes autores. Com e sem humor, muitos levam-nos aos problemas intrínsecos da sociedade e permitem-nos visualizar novas possibilidades de um modo afastado e despreconceituado. Não sendo contra a tradição em si, sou contra o que a mesma simboliza. Se lermos Eça, Camilo, Garrett, entre outros, chegamos à brilhante conclusão que nada mudou verdadeiramente. Tanto na forma da sociedade interagir como na sua forma de "evoluir". Já a minha mãe me dizia, que bastava olharmos para os Romanos e os Gregos para ver o ciclo de expansão e implosão dos impérios. Os "velhos" também têm razão! Mas resistem fortemente a tudo o que é novidade, principalmente num momento da história sem igual em que a tecnologia avança vertiginosamente. E não avança mais rapidamente porque de outro modo não se tiraria partido da rentabilidade. Pessoas da minha geração têm dificuldade em perceber as vantagens de um Blue-Ray perante o Compact-Disk. Há tecnologia que tornaria os nossos PC's modernos em pedaços de sucata, mas não se tiraria rendimento dos que gostam de comprar os novos gadgets! Além de nem sequer haver a necessidade de máquinas tão potentes. Necessidades que os mesmos criadores destes processadores potentíssimos se certificam que são criadas para tornarem as actuais obsoletas. Quem não se recorda do velhinho Spectrum 16K com o mono-gravador ligado por um cabo? Risível perante a actualidade.

Tendo chegado aos entas, onde se espera que a componente física do meu corpo comece a se deteriorar a passos largos, continuo a ler livros de fantástico, a acreditar que podemos viajar na forma astral, que a humanidade ainda tem um futuro promissor. Basta que queiramos. Basta que nos libertemos dos preconceitos e nos lancemos numa descoberta verdadeira do que realmente queremos. Ir à génese dos problemas que nos afligem como sociedade. Perceber qual o pecado original desta sociedade. Só nessa altura poderemos construir algo que valha mesmo a pena. A juventude de espírito não é um problema. Sonhar não é um problema. Agarrarmo-nos a tradições só porque não conhecemos outra coisa talvez seja. Encarar a novidade é o caminho a seguir, e por isso acredito fortemente nos jovens de hoje. Vêem aquilo que nós os "velhos" não conseguimos...

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